Por José
Teles
Se for realmente aprovada uma
lei proibindo a prática da vaquejada no Brasil (o Supremo Tribunal Federal
decidiu que a vaquejada é inconstitucional, pois causa sofrimento aos animais),
certamente ela continuará a ser praticada na clandestinidade. Uma tradição tão
arraigada na cultura do sertão do Nordeste não se acaba por lei ou decreto.
Como não acabou em Surubim (PE), nos anos 40, quando um juiz proibiu que se
realizasse a já tradicional vaquejada da cidade, pelo mesmo motivo alegado
hoje: os maus tratos aos animais. Em 1949, sete anos mais tarde, com a morte do
magistrado, o novo juiz revogou a lei, e a vaquejada de Surubim voltou
grandiosa, com a presença das principais autoridades do Estado, entre elas
Miguel Arraes e Pelópidas Silveira, o lendário Coronel Chico Heráclio (ele
próprio organizador de uma não menos grandiosa vaquejada na sua fazenda
Varjadas, em Limoeiro). Assis Chateaubriand enviou a reportagem da revista O
Cruzeiro para fazer a cobertura.
A vaquejada de Surubim
tornou-se um dos maiores eventos do gênero no País, entrou para o calendário
turístico e para a música popular brasileira quando, em 1973, em seu segundo
disco, o Quinteto Violado lançou Vaquejada (Toinho Alves, Marcelo Melo e
Luciano Pimentel): "Doutor venha ver Surubim/ A rua principal toda
embandeirada/ É festa em Surubim/é dia de vaquejada". O grupo estava no
auge da popularidade, a música tocou no rádio Brasil afora, e foi adotada pelo
município: "Fizemos quando a vaquejada de Surubim estava muito badalada,
eles adotaram a música como emblemática do evento. A gente tocou lá nos anos 70
e 80, em outras vaquejadas,. Era interessante, mas depois desandou. Entrou
outro tipo de música. Depois desta música para a vaquejada, gravamos outra para
a Festa de Santana, em Caicó (RN), feita por Fernando Filizola, que também foi
adotada lá", conta Marcelo Melo, do Quinto Violado.