No mercado persa que se instalou
ao redor do pedido de impeachment de Dilma, a moeda que vigora é a fantasia,
não o Real. Ganhará a guerra quem chegar à véspera da batalha final com a
melhor pose de vencedor. Na fase atual, marcada pela compra e venda de votos, o
político procura não parecer o que é. Faz isso porque o interlocutor pode não
ser o que parece. Ou, enganação suprema, pode ser e parecer.
Um
fato ocorrido na Câmara nesta quinta-feira ajuda a entender o que se passa. Membro
do pelotão de resistência de Dilma, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE)
encontrou-se com o colega Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que pega em lanças pelo
impeachment. A dupla travou um diálogo elucidativo:
—
Lúcio, meu velho, fico cada vez mais decepcionado com a política. Vou te contar
uma coisa porque gosto de você. Mas peço que não comente com ninguém. Estou
vindo do Planalto. Encontrei lá cinco malandros do PMDB querendo ser recebidos.
Pediam que não lhes retirassem os cargos porque não votarão a favor do
impeachment.
—
Silvio, meu caro, diferentemente de você eu já nem me decepciono mais.
Encontrei há poucos instantes dez malandros seus. Disseram que fingem ser
contra o impeachment de Dilma para evitar que lhes tirem os cargos. Mas querem
mesmo é conversar com o Michel Temer. Pediram para eu marcar o encontro.
Os
dois gargalharam ao se dar conta de que, na aritmética do impeachment, o que
conta são as frações ordinárias. (Via: Josias de Souza)
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