Michel Temer não se deu conta.
Mas, ao acomodar Romero Jucá na Esplanada, nomeou um ministro com prazo de
validade vencido. Trazida à luz pelo repórter Rubens Valente, a gravação que reproduz os diálogos vadios de Jucá com
o correligionário Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, faz do ministro
do Planejamento uma demissão incontornável, esperando para acontecer.
— É um
acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional, disse Sérgio Machado a
Jucá, antes da votação que afastou Dilma da Presidência.
— Com o
Supremo, com tudo, respondeu Jucá, dando asas ao sonho peemedebista de passar
uma régua nas apurações da Lava Jato.
— Com
tudo, aí parava tudo, animou-se Machado, cujas traficâncias encontram-se sob o
crivo do doutor Sérgio Moro.
— É.
Delimitava onde está, pronto!, concordou Jucá, em cujos calcanhares de vidro o
procurador-geral Rodrigo Janot agarrou.
Em
política, nada do que te dizem em público é tão importante quanto o que você
escuta sem querer. Há três dias, Romero Jucá dizia aos jornalistas: “Acho que o
Ministério Público tem que investigar todo mundo, confio na Lava Jato. Ao sair
de tudo isso, nós vamos ter um Brasil melhor.” Uma semana antes, Temer dissera
que a Lava Jato “deve ter proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la.”
A
percepção de que o roubo de verbas públicas passou a dar cadeia no Brasil
apavora a clientela da Lava Jato. A ideia de que um acordão pode sufocar a
força-tarefa que esfrega a lei na cara da oligarquia parece inviável. Michel
Temer tem duas alternativas: ou se livra de Jucá ou reforçará a tese segundo a
qual em política nada se perde, nada se transforma, tudo se corrompe. (Via: Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia