Respeitado advogado
constitucionalista, experiente político de bastidor, de aparência ligeiramente
gótica e dono de uma vida privada picante. É assim que
o jornal britânico "Financial Times" definiu, em perfil publicado
nesta quarta-feira (11), o vice-presidente Michel Temer. "Se,
como esperado, Temer assumir a presidência nesta semana, ele terá que usar
desse charme para colocar um país ferido pela recessão e dividido pelo ódio
político de pé novamente", escreveu a publicação.
A previsão
lembrou uma entrevista que a mulher do vice, Marcela, deu à revista
"TPM", em que disse que achou o peemedebista "charmosão"
desde o primeiro encontro. "É como se ele tivesse 30 [anos]", disse
Marcela. Temer, 75, é 43 anos mais velho que a mulher.
O
"FT" inicia o texto, publicado no dia em que o Senado vota o
afastamento da presidente Dilma Rousseff, lembrando que Temer, há poucos meses,
descartou o risco de a petista sofrer um processo de impeachment.
Depois de
definir o histórico do político – professor de Direito durante a ditadura
militar, eleito três vezes presidente da Câmara e presidente do PMDB, um
"frouxo agrupamento de políticos propensos ao clientelismo" –, a
publicação diz que ele se manteve "low-profile" quando o processo de
impeachment foi aberto, no ano passado.
"Como
beneficiário do movimento, ele não queria ser visto como ganancioso pelo poder.
Mas cometeu gafes", diz o "FT", citando, por exemplo, o áudio em
que Temer ensaiava uma fala como se o impeachment já tivesse sido aprovado –e
que vazou antes da votação do processo na Câmara.
O texto
destaca, além do casamento com Marcela, outras passagens da vida particular do
peemedebista: diz que foi casado três vezes e apelidado por um rival (o baiano
Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007) de "mordomo de filme de
terror".
O jornal
lembra que as diferenças entre Dilma e Temer se acentuaram com a carta em que
ele reclamou de ser "um vice decorativo" e com as posições econômicas
de cada um, explicitadas no programa criado por ele e pelo PMDB, batizado de
"Ponte para o Futuro" –definido pelo "FT" como liberal e
com impactos a elementos "sagrados à esquerda", como a previdência.
"Se
não tivermos surpresas de última hora, o advogado constitucionalista e
especialista em bastidores políticos vai assumir a tarefa de resgatar a maior
economia da América Latina de uma profunda recessão e restaurar a fé pública na
classe política, afetada pelo escândalo de corrupção na Petrobras", afirma
o jornal.
O
"FT" lembra, porém, que Temer não deve ser presidente por muito
tempo, citando sua promessa de não concorrer à reeleição e menções feitas a ele
por investigados na Lava Jato –"ainda que ele não esteja oficialmente sob
investigação e tenha negado malfeitos". (Via: Folha de .Paulo)
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