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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

MPPE vai criar protocolo de atuação da polícia nas ações em que houver morte de policial

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) decidiu criar um protocolo com regras de atuação da polícia nos casos em que houver morte de policial durante operações. O objetivo é evitar uma sequência de assassinatos como a que ocorreu no município de Camaragibe, no Grande Recife, após mortes de dois PMs em setembro deste ano.

"Não queremos que Pernambuco entre nos patamares alarmantes que outros estados já têm, que nós chamamos de operações vingança, em que, após a morte de um policial, vem uma letalidade enorme. Essas operações geralmente são desastrosas e essas mortes são extremamente danosas para a sociedade", afirmou a promotora de Justiça Helena Martins, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa Social e Controle Externo da Atividade Policial do MPPE.

"As vítimas são, em geral, pessoas que não têm envolvimento com aquela situação original e isso precisa ter um freio", completou a promotora, durante participação do debate da Rádio Jornal nessa terça-feira (28).

As mortes dos dois policiais e a sequência de assassinatos que ocorreu em seguida, no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, estão sendo investigadas pela Polícia Civil e em dois procedimentos instaurados pelo MPPE.

Há previsão de que uma reprodução simulada seja realizada nas próximas semanas para tirar dúvidas do caso. Já se sabe, porém, que PMs teriam participado das mortes que ocorreram após os dois colegas de farda terem sido mortos a tiros.

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"CASO GRAVÍSSIMO"

"Nós entendemos que aquele caso foi gravíssimo, que a maioria dos policiais não concorda com aquele revide, digamos assim. O MP sentiu que precisava ser enérgico e está se esmerando para dar uma resposta à sociedade o mais rápido possível. As investigações têm evoluído positivamente. Ao final, entregaremos um resultado com a responsabilização de todos os envolvidos, sejam eles os executores, sejam eles na cadeia de comando", disse a promotora Helena Martins.

O protocolo elaborado pelo MPPE será entregue à Secretaria de Defesa Social (SDS).

"Nós queremos ter um protocolo de atuação da Polícia Militar para que após a morte de um policial, que nós torcemos que não aconteça, mas caso venha a acontecer, seja indicado quem vai a campo (apurar o caso) e como é que esses policiais devem se comportar. Não pode ser uma coisa desordenada, não pode haver uma caçada, não pode acontecer uma série de coisas que, infelizmente, observamos em Camaragibe", declarou.

ENTENDA A CHACINA EM CAMARAGIBE

A informação inicial repassada pela polícia, na época dos fatos, foi de que o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, 33 anos, e o cabo Rodolfo José da Silva, 38, foram até o bairro de Tabatinga verificar a denúncia de que um homem estaria em cima de uma laje realizando disparos de arma de fogo, na noite de 14 de setembro.

Quando os policiais chegaram, teria ocorrido uma troca de tiros com o vigilante Alex da Silva Barbosa, que teria feito a grávida Ana Letícia Carias da Silva, de 19 anos, de escudo humano.

Os dois PMs morreram, e Alex conseguiu fugir. Além de Ana, o primo dela (um adolescente de 14 anos) foi baleado, mas sobreviveu. Em depoimento, ele contou que foi agredido pelas costas e atingido com um tiro na nuca disparado pelos policiais.

Após a morte dos militares, começou a onda de assassinatos de parentes de Alex na madrugada de 15 de setembro.

Três irmãos de Alex identificados como Ágata Ayanne da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25, foram baleados por volta das 2h.

Ágata transmitiu ao vivo, por meio do Instagram, o crime. Ela e Amerson morreram na hora. Apuynã faleceu após ser encaminhado para o Hospital da Restauração, no Recife.

Por volta das 9h do mesmo dia, os corpos da mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e da esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27, foram achados num canavial na cidade de Paudalho, Mata Norte do Estado.

Duas horas depois, Alex foi morto em Tabatinga. A PM alegou que houve uma abordagem e que ele teria reagido, resultando na troca de tiros. 

Em 21 de outubro, Ana Letícia faleceu no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), na área central do Recife, onde deu à luz o bebê.

INVESTIGAÇÃO

No âmbito da Polícia Civil, o inquérito está sendo conduzido pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), que mantém sigilo sobre as investigações. Vários PMs que teriam envolvimento já prestaram depoimentos e alguns laudos de perícias já foram entregues. Não há prazo para conclusão do caso.

Investigações apontaram que Alex não tinha antecedentes criminais. Ele tinha direito ao uso de arma de fogo porque estava registrado como vigilante no Sistema Nacional de Armas e tinha Certificado de Registro de Arma de Fogo (Craf), indicando ser proprietário de uma pistola.

Em 24 de outubro, policiais militares foram alvos de operação solicitada pelo MPPE para cumprimento de mandados de busca e apreensão. Entre os materiais recolhidos, havia celulares, que estão passando por análise.  (Via: Ronda Jc)

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