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terça-feira, 18 de junho de 2013

Artigo: Você acha que vinte centavos não é nada??

As manifestações populares em diversos pontos do País chamaram a atenção do professor de matemática e guarda municipal, Antonio Damião Oliveira. No artigo abaixo, ele dá sua opinião sobre tudo que está acontecendo e considera, entre outras coisas, que o povo brasileiro dá mostras de conscientização.
Confirmam:
manifestações/Foto: Pedro Triginelli/G1-MGAs manifestações que estão acontecendo em vários pontos do país são um dos maiores exercícios de democracia, nos últimos vinte anos já vistos, e uma demonstração clara da força das redes sociais. Com o brado, o povo acordou milhares de jovens estudantes, idosos e artistas foram às ruas com um sentimento de patriotismo em prol dos seus direitos.
O movimento em si não é contra uma autoridade específica, e sim contra as políticas públicas que são incoerentes com os discursos feitos em época de campanha política. É inadmissível que num país tão rico como esse, a saúde pública seja tratada com total descaso e omissão. Além disso, associada a um ensino deficiente, onde os professores não são valorizados em seus vencimentos e muito menos como educadores.

Essas mobilizações são respostas que as pessoas estão dando em detrimento de tantas opressões acumuladas ao longo dos anos. São gastos exorbitantes com as obras da copa do mundo, altos impostos, uma carga tributária excessiva, passagens de ônibus muito caras, a saúde comprometida, falta de medicamentos nos hospitais, escolas com instalações físicas comprometidas, lugar muito inadequado para nossos estudantes.
O clamor por uma saúde de qualidade é o sonho de todos, mas a ineficiência no atual sistema que temos causa repulsa. Aqui em nossa cidade (Petrolina) não é diferente. Faltam medicamentos, remédios simples como dipirona sódica, carência de médicos nos hospitais e postos de saúde. Tudo isso causa revolta e indignação em qualquer ser humano, principalmente nas camadas mais pobres da sociedade.
A população está indo às ruas porque não aguenta mais tanto sofrimento. Se a classe política do nosso país não reavaliar seus conceitos para com o povo, no sentido de programar ações concretas em benefício da sociedade, as coisas tendem a piorar. Tantos os gestores dos municípios e os Estados Federados precisam ter uma postura que reflita numa política transparente e séria, principalmente o poder central, que emana os recursos federais e distribui para os governadores.
Apenas vinte centavos, aparentemente, não representavam nada. Mas para quem já ganha pouco, muito foi a causa principal para aguçar o sentimento de quem anda descontente com tanta coisa ruim que acontece nesse país. Nos últimos vinte anos, nunca se via tanta gente nas ruas em defesa dos seus justos direitos.
Para a geração que não vivenciou a ditadura militar que aterrou a população em geral, está sendo um marco histórico e inesquecível. Esses protestos são os gritos dos excluídos, que estão à margem da sociedade e não têm uma oportunidade para tentar sobreviver de forma digna nesse país chamado Brasil.
A priori, só era revolta contra o aumento abusivo da passagem, mas entraram na pauta também outros gargalos que funciona de forma ineficiente e carecem de mudança urgentemente, que são a educação, a saúde e a segurança pública. Por que disciplinas de exatas não são mais atraentes para os vestibulandos? Por que aumenta consideravelmente a escassez de professores em sala de aula? Estudos mostram que os baixos salários que se paga a um educador é um desestímulo para o exercício da profissão. Nem um político trabalharia para receber um salário de professor, que exige de mais e é valorizado de menos.
Tem jogador de futebol que mal terminou o ensino fundamental e ganha muito mais que um professor de carreira. E o que dizer dos vencimentos dos policiais, que arriscam suas vidas em prol da defesa do cidadão? Existe uma distorção salarial de uma região para outra. Está na hora dos poderes constituídos olharem para aqueles que trabalham de segurança pública, incluindo os guardas municipais que estão em ascensão no país, e darem uma remuneração compatível com o exercício da categoria.
É justo os políticos aumentarem seus vencimentos em 100% ou mais e os servidores não terem seus salários ajustados? A lei da Responsabilidade Fiscal só funciona para os trabalhadores, e não somos dignos de sermos agraciados de igual modo? São essas coisas negativas que estão impulsionando o sentimento das pessoas.
Num país sério isso é normal? Ninguém é contra que tal profissional receba isso ou aquilo, mas é um crime um educador ser tratado dessa forma e um agente de segurança também. Queremos parabenizar as manifestações pacíficas, sem que haja o quebra-quebra, depredação do patrimônio público e nem agressão física de qualquer natureza, visto que só aumenta tristeza e revolta entre as partes e os problemas ficam difíceis de serem resolvidos, quando a violência toma o lugar do diálogo e da negociação.
Uma sociedade acostumada a assistir de camarote às injustiças sociais em vários aspectos, agora saem de sua posição de comodismo e vai às ruas protestarem contra o sistema esmagador que machuca e aprisiona o povo. Tudo isso é uma amostra do que a sociedade civil organizada consegue fazer, quando se une em prol de um objetivo correto e justo. Atitudes como essas só se via em outros países. É algo até atípico em nossa cultura brasileira, vez que um senso de justiça aflora no coração daqueles que foram mostrar seu descontentamento e sair em defesa da vida e protestar contra a corrupção que impera em nosso território brasileiro.
Só queremos que a fatia do bolo seja repartido proporcional a cada um. Chega de tanta desigualdade social e descaso com os menos favorecidos. Obviamente há políticos sérios, embora seja uma raridade em um Brasil repleto de escândalos e desvios do erário público, e ficam impunes.
Também não cremos que haja razão para pedir a saída da presidente Dilma. É um despropósito pensar assim. O que leva a derrubada de um presidente ou presidenta, seja o declínio da economia, uma inflação incontrolável e crime de improbidade administrativa, não existe nenhuma relação com as reivindicações dos manifestantes. Não quer dizer que essas vozes que clamam por mudanças não tenham incomodado a classe política. Finalmente, não podemos permitir que o Ministério Público, o guardião da Constituição Federal Brasileira, seja calado dessa forma com a aprovação da PEC 37, senão a situação vai piorar numa proporção inimaginável.
Antonio Damião Oliveira da Silva/Professor de Matemática e Guarda Municipal
Blog: O Povo com a Notícia
Fonte: Blog do Carlos Brito