Roger Abdelmassih, de 70 anos, afirmou que as ex-pacientes que o denunciaram por estupro e abuso sexual são “loucas, débeis mentais”. A declaração do ex-médico, condenado a 278 anos de prisão por crimes sexuais contra 37 mulheres, foi feita durante um telefonema a uma parente, em conversa gravada com autorização judicial, segundo o G1 apurou. Na gravação ele nega as acusações delas. "Loucas, que nem fazem parte do negócio, são umas loucas, débeis mentais", diz Abdelmassih ao familiar, de acordo com interceptação telefônica realizada cerca de duas semanas antes de ele ser preso no Paraguai. Naquela ocasião, o ex-médico estava rebatendo acusações feitas por mulheres em entrevistas a uma emissora de TV e revista brasileiras. Elas haviam criado a associação "Vítimas de Abdelmassih e Clínica" no Facebook para receber denúncias de ex-pacientes. As conversas telefônicas gravadas fazem parte da investigação da polícia e do Ministério Público para localizá-lo.
Ao todo, 130 grampos foram realizados nos telefones que Abdelmassih usava na capital paraguaia, onde estava escondido em companhia da mulher, a ex-procuradora da República Larissa Sacco, de 37, e dos filhos gêmeos do casal.Os grampos telefônicos deram pistas que ajudaram na localização e prisão do procurado em 19 de agosto, em Assunção. Lá, ele mantinha contato por telefone com uma rede de colaboradores que financiavam com dinheiro sua estadia na clandestinidade. Eram familares, amigos e funcionarios. Alguns liam as matérias sobre ele na internet. Procurada para comentar as declarações do ex-médico, a fundadora da Associação Vítimas de Abdelmassih e Clínica (AVAC), Vanuzia Lopes, disse não se surpreender com as declarações do ex-médico.
“A sentença fala por si só. É logico que a gente não é louca. Estamos atrás de Justiça. De louca nós não temos nada. Somos muitas vítimas para classificar dessa maneira. Só ele que está certo e todas essas mulheres erradas?”, defende Vanuzia. Ela e outras cinco mulheres foram as primeiras a denunciar o médico e aparecer publicamente. Algumas delas chegaram a registrar boletim de ocorrência por ameaças que alegam ter sofrido por telefone depois que passaram a divulgar o site da AVAC. O caso foi levado para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
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