Da arquibancada ao poder econômico, o maior por aqui, Havelange e Teixeira faziam uma síntese perfeita do país
Muito mais do que mostrar o que tem sido a cúpula do futebol no mundo, o escândalo da Fifa mostra ao mundo o que é o Brasil. Como se ainda fosse necessário fazê-lo.
A Fifa, que recebe aqui o tratamento apropriado para os covis, baniu dos seus quadros, há muito tempo, os ilustres brasileiros João Havelange e Ricardo Teixeira, seu ex-presidente e o ex-conselheiro por ela declarados catadores de suborno e de outros modos de corrupção. Nem depois disso a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público (o Federal e o do Rio) foram capazes de dar aos dois as consequências da lei. Ambos enriquecidos, muito antes de chegarem aos balcões internacionais, aqui mesmo na CBD/CBF.
A aparência é de que Ricardo Teixeira tratou de escapar para Miami. Mas não o fez, de fato, senão para as delícias de que desfruta em sua mansão. Os vários processos que ainda tem no Brasil jamais o incomodaram, tal como os anteriores. Havelange tornou sua velhice suportável em um dos prédios magníficos de São Conrado. A rejeição da Fifa não chegou ao prestígio social de ambos.
Da arquibancada ao poder econômico, que é o maior poder por aqui, Havelange e Ricardo Teixeira faziam uma síntese perfeita e discreta do Brasil. José Maria Marin, o mau discípulo, escancarou. Já se percebe que as autoridades brasileiras sentem necessidade de adotar iniciativas. Deve ser o melhor que pode acontecer a Marin. (Jânio de Freitas – Folha de S.Paulo)
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