Após semanas de discussao, polêmicas, rolos compressores e muita gritaria, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, na noite desta terça-feira (26), a proposta de modelo de votação conhecida como “distritão”. A proposta, que consta no bloco de possíveis mudanças na reforma política, não passou por um placar de 267 votos contra 210 a favor, com 5 abstenções.
O “distritão” era um dos maiores interesses do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que sofreu sua primeira derrota substancial no parlamento desde que assumiu o cargo, em fevereiro. O carioca chegou até mesmo a ignorar a comissão especial que debatia a reforma e levar um relatório alternativo à votação em plenário, tamanha a urgência que tinha para aprovar as mudanças a seu gosto.
A principal mudança que o projeto aplicava era a troca do sistema proporcional de votação pelo majoritário. Assim, seria abolido o atual – e complicado cálculo – que determina quem será eleito para a Câmara. Em seu lugar, deputados seriam eleitos pelo número absoluto de votos, com os estados sendo divididos em “distritos”.
Para os críticos, entretanto, a mudança traria alterações tais na representação política que significaria a redução drástica da força e representatividade dos partidos. Além disto, como tem o caráter de personalizar as eleições, sairiam na frente candidatos famosos ou aqueles que agregassem em torno de si maior poderio financeiro. O resultado seria ainda menos representatividade social e aumento do uso privado de um mandato público.
Líder do Solidariedade na Casa, o baiano Arthur Maia (SDD-BA) defendeu apaixonadamente o distritão na tribuna, mas já dava sinais de que a mudança seria rejeitada pelos colegas. Para ele, caso o distritão fosse derrotado, o grito das ruas que teve início em 2013 por uma reforma política seria desrespeitado e novamente os políticos cravariam que, na verdade, mentem para seus eleitores.
“Nós sabemos que o distritão é melhor sistema. Nós sabemos que o atual modelo é um modelo falido. Temos a obrigação de tentar mudar e apresentar uma alternativa. Depois de 20 e poucos anos da vida da Constituição brasileira, com o mesmo sistema, que tem trazido a cada eleição o descrédito da democracia, que vem contribuindo para que, cada vez mais, esse Congresso seja menos representativo”, apelou.
A surpresa foi a votação favorável ao sistema por parte do PCdoB, partido aliado ao governo. A orientação da legenda, proferida pela deputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ), deixou muitos aliados, servidores e assessores boquiabertos durante o pleito. Na avaliação de bastidores, os comunistas foram avaliados como favoráveis ao distritão devido à tentativa de fazer o partido sobreviver no futuro. (Bocão News)
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