Um acordo entre deputados governistas e da oposição deixou para o final da CPI do BNDES a apreciação sobre requerimentos que convocam o ex-presidente Lula, o filho dele, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e outros políticos, como o ex-ministro do Desenvolvimento e atual governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).
"[O acordo] Envolveu discussão, apreciação de um organograma, definição de um rumo. Nós precisávamos moldar a CPI, e ela foi moldada hoje", disse o presidente da comissão, Marcos Rotta (PMDB-AM).
A reunião que votaria requerimentos de convocações, marcada para esta terça-feira (25), foi cancelada pela manhã. Na pauta estavam 121 requerimentos para serem apreciados, incluindo os que pediam a convocação de Lula, de outros políticos ligados ao governo petista e de empresários, como Eike Batista.
No lugar da reunião deliberativa, os deputados encontraram-se a portas fechadas para costurar o acordo.
Questionado sobre o que cada lado pediu na negociação, Rotta afirmou que "não muito". "Houve uma espécie de consenso sobre os rumos da CPI", disse.
Os membros da CPI negaram ter beneficiado políticos. "Ninguém foi poupado, porque não deliberamos sobre essa questão [de convocar políticos] ainda", afirmou o presidente da CPI.
"Nós não abriremos mão de ouvi-los [Lula, Lulinha e outros políticos], e é até melhor que seja após analisarmos os documentos que o banco enviará. Mas também nada impede que, surgindo novos indícios antes, a gente antecipe essas convocações", disse Betinho Gomes (PSDB-PE).
A CPI, instalada no início deste mês na Câmara, tem o objetivo de investigar contratos considerados suspeitos assinados pelo banco de 2003 a 2015, nos governos do PT. A comissão é dominada pela oposição e por aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo.
Na reunião fechada desta terça, ficou estabelecido que serão ouvidos, primeiramente, ex-presidentes e diretores do BNDES. Nesse bloco, será convocado o ex-presidente do banco e ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Guido Mantega.
Depois, será a vez de representantes do TCU (Tribunal de Contas da União), órgão que já tem apurações sobre o banco em andamento, e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que monitora movimentações suspeitas.
PAUTA CANCELADA: Pela manhã, o cancelamento da votação dos requerimentos de convocação de políticos e empresários, prevista para esta terça, gerou especulações entre os integrantes da CPI. O presidente da comissão atribuiu o cancelamento da pauta a um "erro de comunicação".
"Vou fazer mea-culpa. Minha intenção era dar ciência [aos membros] de tudo o que tínhamos de requerimento. Por isso foi feita uma pauta com todos os 121 requerimentos, mas não era uma pauta deliberativa", afirmou, justificando o cancelamento das votações.
Na reunião, os deputados discutiram também a possibilidade de contratar uma empresa para auxiliar na análise de documentos –o que depende de aval da Presidência da Câmara– e da necessidade de convocar servidores de outros órgãos, como do Banco Central e da Receita Federal, para auxiliar nos trabalhos.
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