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Dilma Rousseff, em nove meses desse turbulento segundo mandato, veio da Suíça,
com a revelação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), possui pelo menos quatro contas secretas no paraíso fiscal, com
depósitos – já bloqueados – que somam cerca de US$ 5 milhões. Como esses
recursos não foram declarados pelo parlamentar, e ele ainda mentiu aos colegas
sobre a existência das contas, no mínimo já houve quebra de decoro parlamentar
– o que seria motivo para sua cassação. Muito mais graves do que a mentira, no
entanto, são as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro que vêm da Suíça.
Em tese, Cunha poderia agora tentar se vingar,
alegando perseguição do Palácio do Planalto e abrindo espaço, no Legislativo,
para um eventual processo de impeachment. Ocorre que ele perdeu completamente
as condições morais de conduzir um processo desse tipo. Vale lembrar que, em
1992, quando o ex-presidente Fernando Collor caiu, a Câmara era presidida por
Ibsen Pinheiro, também do PMDB, que cultivava a imagem de vestal da ética.
Cunha, ao contrário, a cada dia terá que prestar novas e mais convicentes
explicações sobre a origem dos seus US$ 5 milhões e também sobre suas relações
com personagens como os lobistas Júlio Camargo, Fernando Baiano e João Augusto
Henriques.
Até mesmo a oposição, que o mantinha como
aliado estratégico, será forçada a se distanciar do presidente da Câmara, para
não ser rotulada como hipócrita. Até porque não fará sentido algum defender a
queda de Dilma por um tema árido como as 'pedaladas fiscais' e proteger Cunha
numa questão de facílima compreensão popular, que são US$ 5 milhões depositados
em contas secretas na Suíça. A dúvida, agora, diz respeito ao comportamento do
Palácio do Planalto, que poderá, eventualmente, preferir um Cunha enfraquecido
no cargo do que trabalhar abertamente por sua queda.
Se isso não bastasse, a reforma ministerial
anunciada pela presidente Dilma Rousseff na sexta-feira também serviu para
acomodar o baixo clero peemedebista na Câmara, com as nomeações de Marcelo
Castro (PMDB-PI) na Saúde e Celso Pansera (PMDB-RJ) para a Ciência e
Tecnologia. Atolado em denúncias, Cunha se tornou minoritário num PMDB que hoje
tem sete ministros e presença decisiva no governo Dilma. (Via: 247)
Blog: O Povo com a Notícia