Já
virou rotina. Dilma sofreu nova derrota no Legislativo.
Por 40 votos a 26, o Senado arrancou do modelo de exploração do óleo do pré-sal
uma regra que o governo considerava imutável. Desobrigou-se a Petrobrás de ser
a operadora única dos campos petrolíferos do pré-sal. Pela proposta, a estatal
deixa de ser obrigada a ostentar uma participação de pelo menos 30% nos
consórcios que operarão as jazidas em águas profundas. Dessa vez, a presidente
foi derrotada pela realidade, não pelos senadores.
Estruturado no governo Lula, o assalto à Petrobras deixou
a companhia em petição de miséria. E o lema do governo —‘O pré-sal é nosso’—
sofreu um envelhecimento precoce, tornado-se um anacronismo ideológico.
Estabeleceu-se uma ilusão paralisante. Sem dinheiro, a Petrobras nem explora o
pré-sal nem pode desocupar as reservas. Cavalgando a ilógica, o senador tucano
José Serra colocou em pé a solução intermediária. A participação da Petrobras
passa a ser uma opção, não uma obrigação.
Dilma torcia o nariz para a novidade. Queria derrotar a
proposta. Para não abandonar sua trincheira no Planalto, cancelou viagem que
faria ao Rio de Janeiro nesta quarta-feira. Informada de que sua infataria,
liderada pelo PT, seria esmagada, a presidente deu meia-volta. Negociou com o
relator Romero Jucá a inclusão da Presidência da República no processo
decisório sobre os campos do pré-sal.
A bancada petista no Senado decepcionou-se com a rendição
de Dilma. Manifestantes de entidades como UNE e CUT, que faziam barulho nos
corredores do Congresso, tornaram-se sócios da decepção. O projeto ainda será submetido
ao crivo da Câmara. Mas Dilma já é vista como uma espécie de Vênus de Milo. Nos
próximos dias, o petismo e seus adeptos travarão infindáveis debates sobre a
forma como madame perdeu os braços. (Via: Josias de Souza/Foto: Diário de PE)
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