Em março deste ano, o número de
consumidores inadimplentes chegou a 63 milhões de brasileiros, segundo o Serasa
Experian. Diante do cenário de dificuldades financeiras — atualmente, 40,3% da
população adulta do país estão com dívidas — os bancos começaram a oferecer a
antecipação do 13º salário.
Banco
do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander já estão disponibilizando o
crédito. Dependendo do banco, o cliente pode antecipar até 100% do 13º salário.
A modalidade, que é um empréstimo, tem juros a partir de 1,79% ao mês,
dependendo da instituição, abaixo de outras modalidades de crédito, como o
empréstimo pessoal e o cheque especial, que variam, respectivamente, de 5,3% a
11,8% ao mês.
Mesmo
com condições atraentes, os especialistas ponderam que este empréstimo, como
qualquer outro, deve ser contratado apenas por quem tem dívidas e precisa se
livrar deste peso no orçamento o quanto antes.
— A
antecipação do 13º é vantajosa para quem tem dívidas, principalmente as com
encargos altos, explica Virgínia Prestes, professora de Finanças da Faap. —
Esses empréstimos têm taxas de juros mais baixas porque os bancos têm a
garantia de que a quantia será paga.
Comparar condições
Virgínia
aconselha, porém, que, antes de contratar a antecipação do 13º, a pessoa
verifique a taxa de juros que será cobrada na quitação da dívida:
— É
importante que a pessoa tenha conhecimento sobre a dívida, principalmente sobre
os juros cobrados. Antes de pedir a antecipação, é importante ver junto ao
banco as condições para a quitação.
Na
avaliação dos especialistas, a antecipação do 13º salário tem uma importante
vantagem: a quitação de uma única vez. Nesta modalidade de crédito, a pessoa
não precisará arcar mensalmente com uma parcela de empréstimo. O valor contratado
será pago de uma só vez, quando o 13º cair na conta.
— No
caso de uma pessoa endividada, quando ela antecipa o 13º, quitará as contas em
aberto e ficará livre de parcelas ao longo do ano, explica Miguel Ribeiro de
Oliveira, diretor de pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos
de Finanças (Anefac). — Como a renda mensal não será alterada, fica mais fácil
organizar o orçamento para não contrair uma nova dívida.
No
caso de um eventual desemprego, porém, será necessário quitar o valor total
junto ao banco. Caso isto aconteça, a recomendação é guardar o dinheiro da
rescisão para pagar o empréstimo da antecipação.
A
atratividade dos juros cobrados no empréstimo de antecipação do 13º é um fato.
Entretanto, os especialistas aconselham que o interessado nesta modalidade de
crédito pesquise bem antes de contratar, já que a variação entre os bancos é
grande. Entre as cinco grandes instituições financeiras, as taxas na
antecipação vão de 1,79% a 3,19% ao mês.
No
caso de uma antecipação de um 13º salário de R$ 2.500, por exemplo, feita ainda
neste mês e quitada em dezembro, se descontados os juros mensais de 1,79%
nestes oito meses, o cliente receberá R$ 2.169. Se o percentual mensal for de
3,19%, a quantia cai para R$ 1.944.
— É
importante pesquisar para tentar conseguir a condição mais vantajosa, pontua
Virgínia.
Gastos extras
No
caso de uma pessoa que não tem dívidas e pensa em antecipar o 13º apenas para
fazer alguma compra, os especialistas não aconselham que o empréstimo seja
feito.
—
Quando você antecipa um dinheiro que só receberia no fim do ano, fazendo uma
analogia, é como se estivesse comendo o jantar do dia seguinte, diz Oliveira,
da Anefac.
Ele
lembra que os períodos de fim e início de ano são marcados por gastos extras
pontuais, como produtos para a ceia, IPTU, IPVA e matrícula escolar, entre
outros:
—
Quando você antecipa o 13º salário, precisa lembrar que, no fim do ano, não
terá este dinheiro para suprir alguma eventualidade. Então, a decisão de
receber antes a quantia deve ser bem estudada.
O que
os especialistas também recomendam é o planejamento do orçamento para que a
pessoa não volte a ficar endividada em um futuro próximo.
— Não
faz sentido antecipar o 13º para quitar uma dívida e, em um curto espaço de
tempo, contrair um novo empréstimo. A pessoa precisa fazer uma boa avaliação
das finanças para que não volte a ficar endividada novamente, comenta Oliveira.
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