Um levantamento feito pela
revista Istoé revela que os deputados, na hora de usar o dinheiro público para
a manutenção do mandato que exercem, ficam longe de zelar pela moralidade. Somente neste início de 2019, a Câmara já gastou R$ 9,2 milhões com o
ressarcimento dos parlamentares, segundo dados tabulados pela ONG Operação
Política Supervisionada, que acompanha as despesas dos parlamentares.
De acordo com a reportagem, no primeiro mês da nova legislatura, alguns
parlamentares usaram e abusaram da cota para o Exercício da Atividade
Parlamentar (CEAP), o chamado “cotão”.
Cada deputado recebe um salário de R$ 33,7 mil que deveria ser suficiente
para custear suas despesas. Além disso, os parlamentares têm direito a uma
verba que varia de Estado para Estado, conforme a distância para
Brasília.
Um deputado do Acre pode gastar até R$ 44 mil. Um deputado do Distrito
Federal, até R$ 30 mil. Basta a apresentação da nota fiscal. Assim, os
deputados usam desse limite para bancar despesas estritamente pessoais, como
cursos de inglês, bebida alcoólica (saquê) e barra de chocolate.
O deputado que tem seu curso de inglês custeado pelo contribuinte é o
vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (MDB-RS). Conforme a nota
apresentada por ele, a mensalidade do curso custou R$ 1,4 mil. A escola de alto
padrão está localizada em um complexo hoteleiro de Brasília, que já hospedou,
entre outros, o beatle Paul McCartney. Durante o ano de 2019, Darcísio já
torrou R$ 20,9 mil do “cotão”.
Ainda de acordo com a reportagem, o deputado que mais se utilizou dos
recursos até o momento foi Célio Silveira (PSDB-GO). Ele, sozinho, gastou R$ 72
mil. Destes valores, R$ 30 mil apenas com assessoria jurídica e mais R$ 30 mil
com ações de marketing e gerenciamento de redes sociais. No caso de Célio
Silveira, também houve o pagamento de R$ 5,6 mil em combustível. Um desatino.
Ninguém bate a deputada Jéssica Sales (MDB-AC) em matéria de combustível.
A parlamentar apresentou duas notas cobrando 2,4 mil litros em derivados de
petróleo. Na primeira nota, expedida no dia 1º de fevereiro, ela gastou R$ 5,8
mil com 580 litros de gasolina e 660 litros de diesel. Na segunda, apresentou
novamente um recibo de R$ 5,8 mil, que pagou 460 litros de gasolina e 745
litros de diesel. Em um período de um mês, a parlamentar informa ter gasto
combustível suficiente para rodar cerca de 12 mil quilômetros com gasolina e 14
mil quilômetros com diesel. Daria para Jéssica ir e voltar a Nova York (EUA)
duas vezes.
A revista relata ainda que o deputado Charles Evangelista (PSL-MG) parou
numa loja do free shop do Aeroporto de Brasília e comprou, por R$ 27,90, uma
barra de chocolate importado de 325g. O cotão pode ser usado para o pagamento
de despesas alimentares, mas uma barra de chocolate importado equivale ao
famoso gasto do então ministro do Esporte Orlando Silva, que comprou uma tapioca
com cartão corporativo.
Outro caso relatado pela revista envolve o deputado João Marcelo Souza
(MDB-MA). No dia 2 de fevereiro, ele se alimentou por conta da Câmara num
restaurante japonês, mas não dispensou o velho e bom saquê (bebida alcoólica),
incluído na nota de R$ 93. Não foi o único gasto exorbitante de João Marcelo.
Ele ainda alugou com o dinheiro do cotão uma pick-up marca Ranger, da Ford, no
dia 11 de março, por R$ 7,6 mil. A nota fiscal, no entanto, é de uma
concessionária. A revista entrou em contato com o estabelecimento que informou
não fazer locação de veículos. (Via: Câmara dos Deputados - Por Gustavo Lima)
Blog: O Povo coma Notícia