Estimativa inédita feita para o
Faces da Violência com base em estudo produzido pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID , indica
que, em 2018, as mortes decorrentes de intervenção policial geraram apenas em
custos com a perda de anos de vida produtivos das 6.160 mortes registradas no
ano passado, R$ 4,56 bilhões.
Esse é o dinheiro que, se não houvesse essas mortes, teria potencialmente
entrado na economia brasileira nos próximos anos em função da participação
destas pessoas no mercado de trabalho e na economia. A opção por manter tais
padrões de uso letal da força não atinge apenas a segurança pública, mas tem
efeitos em vários outros aspectos da vida das população e deveria ser mais bem
refletida em termos econômicos, sociais, institucionais e éticos.
De acordo com o projeto Monitor da Violência, parceria do FBSP com o
NEV/USP e o G1, as polícias brasileiras mataram 6.160 pessoas, em 2018, o que
dá quase 17 pessoas por dia. Se compararmos com 2014, chama muito atenção
que este número é mais do que o dobro do registrado naquele ano. Um crescimento
de mais de 100% em 5 anos.
Nossas polícias, sob qualquer métrica, apresentam padrões de uso letal da
força em muito superiores à média dos países da OCDE e/ou de países que temos
como exemplos de qualidade de vida. Para usar duas comparações bastante comuns
da nova “guerra cultural” travada pela ultradireita do país, hoje o padrão de
uso da força das nossas polícias está mais parecido com o da Polícia Nacional
Bolivariana, da Venezuela, do que as polícias dos EUA.
Isso porque, em 2018, as polícias brasileiras mataram 6,2 mais e morreram
1,9 vezes mais do que as polícias dos EUA. Segundo a Folha, enquanto aqui houve
6.160 mortes decorrentes de intervenção policial e 307 policiais mortos, nos
Estados Unidos, que tem uma população maior do que a nossa, foram registradas
992 mortes decorrentes de intervenção policial e 158 policiais mortos.
Merece destaque que o número de policiais civis e militares vítimas de
homicídio ao longo de 2018 teve redução de 18%, mas ainda preocupa pois os
policiais continuam a morrer em folga.
Blog: O Povo com a Notícia