A maioria da população apoia a
presença de militares em cargos estratégicos do governo federal, de acordo com
pesquisa do Datafolha.
Levantamento do instituto feito entre os dias 2 e 3 aponta que 60% dos
entrevistados consideram positiva para o país a atuação de militares no governo
Jair Bolsonaro, ante 36% que a consideram mais negativa. Outros 2% se disseram
indiferentes, e 3% não souberam responder.
Além de o presidente e o vice, Hamilton Mourão, serem militares,
integrantes das Forças Armadas estão à frente de 6 dos 22 ministérios. Outros
dois ministros tiveram formação militar: Tarcísio Gomes de Freitas
(Infraestrutura) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União).
Membros do Exército, Aeronáutica e Marinha obtiveram ainda dezenas de
cargos de destaque no atual governo. São os casos do comando do Dnit
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e da Funai (Fundação
Nacional do Índio) e o posto de porta-voz da Presidência.
A indicação de militares para cargos-chave na administração federal já
tinha sido mencionada por Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
Diante de percalços no início do mandato, como problemas de articulação,
escassez de apoio no Congresso e até polêmicas envolvendo seus filhos nas redes
sociais, o chamado núcleo militar tem sido visto como fiador da estabilidade do
governo.
Um dos expoentes da ala, e um dos ministros mais próximos ao presidente, é o
general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), que se filiou ao
PRP e atua junto a Bolsonaro desde a campanha.
Outro é o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de
Governo, que atua na articulação com o Congresso. A indicação de um militar para
essa função destoa das opções de governos anteriores, que preferiam um político
com experiência parlamentar.
Um dos episódios mais críticos dos cem primeiros dias de governo Bolsonaro
também acabou reforçando a importância dos militares na gestão.
A primeira queda de ministro do novo governo foi em fevereiro, quando
deixou a Esplanada Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral, que fez carreira como
advogado. Bebianno foi demitido após a crise política desencadeada pela
revelação do esquema de candidaturas de laranjas do PSL.
Ele acabou substituído por Floriano Peixoto Vieira Neto, general da
reserva e ex-participante da força de paz brasileira no Haiti, grupo bem
representado no governo.
A aprovação à nomeação de militares é maior entre homens do que entre mulheres.
Também consideram mais positiva a participação de integrantes das Forças
Armadas entrevistados aposentados, idosos com mais de 60 anos e evangélicos,
faixa da população que já vinha demonstrando forte adesão a Bolsonaro desde a
eleição.
Mas a aprovação a essa opção cai entre entrevistados com escolaridade de
nível superior (54%), jovens de 16 a 24 anos (52%) e entre quem tem renda
familiar mensal acima de dez salários mínimos.
No recorte regional, o apoio aos militares no governo é menor no Nordeste (53%),
região mais crítica ao governo Bolsonaro e na qual ele foi derrotado no segundo
turno da eleição de 2018, e sobe no Sul (66%) e atinge pico no
Centro-Oeste/Norte (67%).
O Datafolha ouviu 2.086 entrevistados em 130 municípios de todo o país. A
margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
No último sábado (6), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias
Toffoli, disse, ao participar da Brazil Conference, em Boston (EUA), que os
integrantes das Forças Armadas vêm "desempenhando um papel de excelência,
muito significativo" no governo.
Disse ainda que a permanência deles no poder durante a ditadura
(1964-1985) criou uma visão hostil. "E na verdade os militares são
extremamente preparados, competentes, leais e hierárquicos."
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, que também participou do
evento, disse neste domingo (7) que a participação de militares cria um risco
de associação caso o governo falhe.
"Se nosso governo falhar, errar demais, não entregar o que está
prometendo, essa conta irá para as Forças Armadas, daí a nossa extrema
preocupação." (Via: Folhapress)
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