A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai investigar quem lucrou milhões nas transações com opções de venda de ações da Petrobras, pouco antes da "live" em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que "alguma coisa" iria acontecer na petroleira. As negociações atípicas, reveladas pelo blog de Malu Gaspar, no jornal O Globo, sugerem que houve uso de informação privilegiada.
De acordo com mesmo blog, oficialmente, a CVM informa apenas que "acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário" e que não comenta casos específicos. Porém, a coluna afirma que os técnicos da autarquia estão buscando informações tanto com a corretora que intermediou as operações como com a bolsa de valores, a B3, e se preparam para abrir uma investigação formal nos próximos dias.
No dia 18 de fevereiro, 4 milhões de opções de ação da companhia foram compradas em duas transações realizadas por intermédio da corretora Tullet Prebon. A primeira aquisição ocorreu às 17h35m e a segunda, às 17h44m.
A primeira aquisição aconteceu vinte minutos depois do final de uma reunião do presidente da República com seis ministros, incluindo o das Minas e Energia, Bento Albuquerque, o da Infraestrutura, Tarcício Freitas, e o da Economia, Paulo Guedes, para discutir a alta dos combustíveis. Pouco mais de uma hora depois, às 19h, Bolsonaro começou sua live e afirmou: "o presidente da Petrobras falou que determinava o preço e não tinha nada que ver com os caminhoneiros, e isso tem uma consequência, obviamente”.
Segundo o blog, os papéis foram comprados por R$ 160 mil e podem ter rendido a quem vendeu até R$ 18 milhões de reais. A identidade dos compradores é protegida por sigilo. Só a CVM pode investigar o caso mais a fundo.
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