Após a morte da veterinária pernambucana Pryscila Andrade, com suspeita de Síndrome de Haff, a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), recomenda a suspensão do comércio do peixe arabaiana no município.
A veterinária e a irmã, a empresária Flávia Andrade, foram internadas, em fevereiro, em um hospital privado do Recife após comerem o peixe. A síndrome é popularmente conhecida como "doença da urina preta". A morte de Pryscila foi informada pela mãe, nessa terça-feira (2).
Segundo a secretária municipal de Saúde de
Jaboatão dos Guararapes, Zelma Pessôa, a recomendação de não comercialização
para o município vale até o fim da Semana Santa, no início de abril. A
data coincide com o período histórico do aumento do consumo de peixes por
causa da Quaresma.
"A decisão se deu por ser [a arabaiana]
um peixe de maior musculatura e pela possibilidade de albergar uma maior
quantidade de toxinas. Jaboatão irá seguir as diretrizes técnicas definidas em
reunião", explicou Zelma.
A reunião a
qual a secretária se refere ocorreu na terça-feira (2), em Jaboatão.
Participaram do encontro representantes do Ministério da Agricultura, da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e de órgãos municipais e
estaduais, como as agências de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro) e
Vigilância Sanitária (Apevisa) e a Vigilância Sanitária de Jaboatão.
Apesar do conselho de Jaboatão, a
Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), por meio da Apevisa, em nota divulgada
nesta quarta-feira (3), informou que não há, em âmbito estadual, nenhuma
restrição voltada para o consumo de peixes e crustáceos no território
pernambucano, no momento.
"Não há como proibir, não temos
estudos suficientes que recomendem essa proibição do consumo. As nossas
recomendações são aquelas comuns da Quaresma, como a atenção à escolha do
peixe", falou o gerente-geral da Apevisa, Josemaryson Bezerra.
Para o
cumprimento da recomendação de suspensão em Jaboatão, haverá inspeção
pelas equipes de Vigilância Sanitária do município em feiras, peixarias e
supermercados que comercializam peixes e crustáceos.
"Há uma questão de responsabilidade
sanitária para as medidas preventivas, considerando inclusive a necessidade de
alerta para a população para o consumo desse tipo de pescado específico. A
toxina não é inativada em peixes fritos ou cozidos", completou a
secretária de Saúde de Jaboatão.
Orientações
A SES-PE alerta que, em caso de sintomas sugestivos da Síndrome de Haff, como
enrijecimento dos músculos, urina preta e dores abdominais, o paciente deve
procurar atendimento no serviço de saúde mais próximo de sua residência.
Em seguida, o paciente deve relatar a
sintomatologia e o histórico de consumo de pescados.
A investigação epidemiológica de cada caso
é feita pelas secretarias de Saúde municipais, com apoio da SES-PE.
Síndrome de Haff em Pernambuco
Entre 2017 e 2021, o Estado registrou 15 possíveis casos de Síndrome de Haff,
sendo dez confirmados por critério clínico epidemiológico - dos quais quatro em
2017 e seis em 2020.
Em 2021, a pasta recebeu a notificação de
cinco casos, incluindo o das duas irmãs. Todos seguem investigação, com apoio
da Secretaria de Saúde do Recife.
Não há, por ora, mortes confirmadas pela
doença nesse período. (Via: Folha PE)
Blog: O Povo com a Notícia