As duas mulheres que foram assassinadas a pauladas em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, podem ter sido vítimas de transfobia e misoginia, segundo a Polícia Civil (veja vídeo acima). Os detalhes sobre a operação que prendeu três fiscais de Controle Urbano da cidade que praticaram o crime foram divulgadas nesta quinta-feira (23).
O crime aconteceu no início da manhã do dia 12 de setembro, em uma área de mata no bairro de Nova Tiúma. As vítimas foram identificadas como Rebeca de Santana Alves, mulher trans de 28 anos, e Bruna Lorhayne Mesquita dos Santos, mulher cis de 25 anos.
Os delegados Juliana Bernat e Eduardo Cavalcanti, titular e adjunto da 10ª Delegacia de Homicídios, respectivamente, explicaram que os três servidores agiram em conjunto com um traficante da cidade. Eles integravam uma espécie de “célula com viés miliciano” para punir as duas mulheres, que teriam furtado um idoso durante um programa.
“Essa dupla vinha furtando casas, então elas seriam um exemplo para ninguém mais furtar, porque as casas de lá vinham sendo invadidas. Essa dupla que foi pega, segundo os depoimentos, já vinha cometendo outros furtos, além desse. Mas, o que motivou mesmo, foi o roubo da furadeira e R$ 600 de um senhor na noite anterior”, disse a delegada Juliana Bernat.
Segundo as investigações, as vítimas foram agredidas com pedaços de madeira e tiveram a morte registrada em vídeo, que foi postado nas redes sociais. “Eles terem ido tão a fundo, ceifando a vida da dupla, a gente já cria outro viés que está sendo investigado, se foi uma questão de transfobia, de misoginia”, disse Eduardo Cavalcanti.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, todos os servidores envolvidos ocupam cargos comissionados. Uma servidora envolvida no espancamento e na tortura é filha do idoso furtado.
“Esse senhor é pai de criação da fiscal de Controle Urbano. Ela tomou para si as dores do pai e [junto com os outros agentes] se juntaram com o traficante de drogas, acharam as moças, amarraram e começaram a sequência de tortura”, afirmou o delegado.
Eduardo Cavalcanti também explicou que a ação em conjunto dos servidores com o traficante dá indícios de que o grupo pode estar envolvido com outros crimes típicos de milícias.
“Além desses três agentes, o que chama a atenção, é o quarto elemento, ‘cliente antigo’ nosso, um dos maiores traficantes de São Lourenço da Mata, em conluio com esse trio de servidores públicos. Isso insinua outros crimes que o inquérito vai seguir, seu transcurso investigativo, para apurar. [...] Existe, infelizmente, suspeita de que o tráfico possa ter qualquer tipo de facilidade dessa célula criminosa, uma célula com viés miliciano”, contou Eduardo.
O traficante, segundo os delegados, está preso há cerca de duas semanas. “Ele foi depor a respeito desse inquérito. A gente prendeu porque ele já tinha mandado de prisão referente a homicídio e tráfico de drogas já de outros casos”, disse Juliana. “Ele foi o poder paralelo. Foi ele que foi ‘solucionar o caso’, como se fosse o estado daquela área”, comentou. (Via: G1)
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