Gidenilson Magalhães Silva, técnico agrícola, mais conhecido como ‘Nilson do Sindicato’, acionou o Farol de Notícias com objetivo de tornar público um assunto polêmico.
Pela primeira vez, o sindicalista revela a um órgão de imprensa como escapou de um atentado ocorrido em janeiro deste ano, quando recebeu 23 tiros de pistola e sobreviveu. Agora, ‘Nilson’ faz graves acusações contra um grupo político do município.
Confira a entrevista na integra:
FAROL: Nilson, você chamou o Farol até a sua casa após sofrer um grave atentado meses atrás. Eu queria que você falasse primeiramente sobre esse crime. Como aconteceu?
NILSON: Eu fui vítima desse atentado no dia 5 de janeiro, por volta das 21h, quando eu chegava na minha residência. Eu tinha ido para o velório do vereador Lucimar, que foi vítima também um dia antes de mim. Quando eu ia chegando na minha residência, que parei o carro, eu fui surpreendido por dois elementos em uma moto e fui vítima de mais de 20 disparos de arma de fogo.
Tinham umas viaturas fazendo a ronda normal, tinha muita polícia, porque o vereador também era policial e me pegaram juntamente com a vizinhança e me levaram para o hospital local. No hospital fizeram os primeiros atendimentos e eu fui conduzido para Serra Talhada, onde fiz uma cirurgia.
No dia seguinte eu precisava de uma UTI, mas o município de Serra não tinha. Aí eu fui conduzido para o Recife em um avião e fiquei lá por dois meses no Hospital da Restauração me recuperando. Graças a Deus eu escapei e foi aberto o inquérito para investigar esses atentados. Logo em seguida eu retornei e com poucos meses aconteceu também com Edniz, o ex-presidente do sindicato. O qual também, as investigações apontam que está caracterizado como questões políticas.
FAROL: Passados quase nove meses do fato, como estão as investigações? O que o senhor espera que aconteça a partir de agora?
NILSON: As investigações estão andando bem graças à equipe do delegado Dr. Guilherme Caraciollo, que realmente é muito competente, apesar de ele estar tendo muita dificuldade. Porque para as autoridades está caracterizado como questões políticas e esse mesmo grupo político, eles andam intimidando a sociedade. Muita gente sabe, toda a sociedade sabe desses fatos, mas por medo eles não estão colaborando com as investigações.
O delegado está se desdobrando, utilizando de outras técnicas e outras formas de atuação na investigação para poder desenrolar. Foram feitos diversas intimidações como está sendo feito, inclusive, foi até a cena do crime do vereador Lucimar foi alterada para que dificultasse as investigações. Em relação à equipe do delegado, do GOE, realmente eu acredito que isso tenha um desfecho.
Mas a demora se dá porque está tendo muita dificuldade e o pessoal aqui ( em Triunfo) não está colaborando, a sociedade não está colaborando. Muita gente sabe de muita coisa, mas tem medo. E as pessoas hoje ligados ao grupo político do atual prefeito (Luciano Bonfim), todos eles estão atuando para que isso não seja desvendado. É impressionante quando a equipe do GOE faz alguma interceptação, a cidade toda sabe.
Inclusive, as autoridade, gente da delegacia, gente da Polícia Militar, gente do próprio Fórum ficam sabendo dessas interceptações e se comunicam um com o outro para que não se comente sobre o assunto. Aqui é impressionante esse monopólio, inclusive, aqui eles têm um domínio muito grande sobre a rádio local. Existe uma dificuldade muito grande quando falam nesse assunto e a gente sabe que é tudo tentando blindar a administração local.
FAROL: Na sua opinião, quais seriam as motivações para passar pelo que o senhor passou?
NILSON: Tenho certeza absoluta que essa questão é política, que o motivo foram questões políticas. O atual prefeito (Luciano Bonfim) teve muitos problemas, muitas dificuldades. Porque o grupo da oposição, o qual eu faço parte, revelou e divulgou muitas irregularidades praticadas pelo governo. Foram muitas, em Polícia Federal, no Ministério Público, no Tribunal de Contas, na Procuradoria, na CGU (Controladoria Geral da União), foram muitas irregularidades.
Denunciamos ao próprio Governo do Estado, entidades como o IPA.. Isso fez com que o prefeito tivesse muitas dificuldades, o prefeito Luciano Bonfim. Diante dessas dificuldades, ele se apadrinhou com um antigo grupo político. Que na verdade sempre esteve no governo, que o grupo dos Melo, da família Melo. Que é Eduardo Melo, através de Batista e sua esposa Lúcia. E eu tenho, como as autoridades também têm convicção que os fatos, esses atentados, se deram através dessa conjuntura política.
O objetivo maior, como de fato está sendo agora é fazer com que o atual prefeito ele, de fato, assumisse a candidatura de João Batista. O motivo principal foi o beneficiamento de João Batista, ele ser beneficiado para ser o candidato a prefeito, uma vez que ele perdeu a UVP (União de Vereadores de Pernambuco). Ele era vereador aqui, não quis se candidatar na eleição passada e em sequência perdeu as eleições da UVP e ficou de fora.
Portanto, esse grupo político ficou dando sustentação à base do atual prefeito para que, em troca disso, de fato o prefeito apoiasse o João Batista. Tudo isso foram questões políticas, como de fato o prefeito apoiou. Mas para isso o vereador Lucimar tinha outra tática de atuar, como ele era militar, era mais destemido e ia muito de cara com as denúncias e ia enfrentar.
FAROL: Como você se envolveu neste episódio?
NILSON: Eu fazia mais a parte acompanhando e respeitando claro, a parte legal. Eu descobria as irregularidades, levava ao conhecimento das autoridades. E com isso o prefeito teve uma preocupação, juntamente com o grupo de Eduardo Melo, de que eu e Lucimar à frente da oposição, que se realmente se a gente estivesse atuando agora nesse período eleitoral iria prejudicar a candidatura de João Batista.
Portanto, na minha convicção eu estou convencido, como parte das autoridades também e isso está em andamento, vai ser divulgado e vai ser descoberto logo, eu não tenho dúvida. Tudo isso aconteceu porque eles querem a todo custo que João Batista seja o prefeito. Eles usaram todas as denúncias que a gente fez, todas as dificuldades que o prefeito teve vinham dando suporte ao prefeito.
Até porque João Batista tem uma empresa que faz a assessoria contábil às prefeitura, inclusive a prefeitura daqui do município. Vem de encontro, porque como é que ele faz assessoria contábil ao Tribunal de Contas através dessa auditoria especial e descobre irregularidades de quase R$ 7 milhões?
E também no relatório consta, fala em nome de pessoas, fala o nome de pessoas que estavam recebendo, pessoas que ganham acima do teto do Supremo Tribunal, pessoas que foram contratadas no período eleitoral em 2012. Enfim, são várias as irregularidades, isso tudo diante do que a gente vem batendo dentro das denúncias que a gente vinha fazendo nesse decorrer desses oito anos.
FAROL: O que você espera que aconteça a partir de agora? A partir dessa entrevista ao Farol? Você não teme ser alvo novamente?
NILSON: Eu quero que as autoridades realmente tenham mais foco sobre o assunto e que a justiça seja feita. Não quero nada mais do que isso, só quero que a justiça seja feita para que isso não fique impune. Infelizmente, um morreu, mas graças a Deus eu sobrevivi e o que eu puder fazer para que a justiça seja feita eu vou fazer.
Eu já venho lutando esses sete anos, que eu sai em 2010, seis anos, que eu era secretário de Agricultura e principalmente agora porque eu fui vítima. Eu estou vivo, porque Deus quis. Realmente, pela investida que foi feita, pessoas que sabem da história acreditam que isso foi um milagre.
FAROL: Sua rotina mudou por conta disso?
NILSON: Com certeza, não tem como não mudar. E o que eu quero é só que seja feita a justiça e mais nada.
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