O Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb) do ensino médio não alcançou a meta e esse resultado se
espelha por todo o Brasil, à exceção de dois Estados: Pernambuco e
Amazonas Eles estão longe do ideal, lembre-se, mas têm boas experiências
a compartilhar. O caso de Pernambuco é emblemático por ser raro exemplo de
continuidade em um país afeito a mudar de rumo conforme a dança de cadeiras na
política.
O Estado começou a pavimentar o caminho para fazer a
reviravolta em 2004. Uma estratégia central foi implantar nas escolas de ensino
médio o período integral. Hoje, representa quase 50% do sistema.
Se bem feito, e foi, é investimento na direção certa: é mais
do que sabido que ensinar treze disciplinas obrigatórias em quatro horas e meia
produz baixo aprendizado, aquele tipo de conhecimento superficial e pouco
retido na memória dos jovens. Infelizmente, é assim em boa parte do Brasil. Os
países que vão melhor em sala de aula têm jornada de até oito horas por dia;
Pernambuco, nove.
Horas a mais fazem diferença, mas não despregadas de um bom
plano sobre o que fazer com elas. No caso pernambucano, houve um bom reforço no
ensino de português e matemática, básico para o progresso em outras
disciplinas, e implantou-se um sistema mais individualizado, em que o aluno tem
um projeto próprio que abrange disciplinas com as quais mais se identifica, já
pensando no futuro. Outro diferencial reside na contratação de professores em
regime de dedicação exclusiva, dedicados integralmente à escola.
“É tempo integral com ensino integral”, resume Mozart Neves
Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna e ex-secretário de educação de
Pernambuco. Parece redundante, mas, não raro, ensino integral se confunde com
um período pouco produtivo na escola, quando não de lazer pura e simples.
Estudo feito pelo economista Ricardo Paes de Barros, que
também auxilia o instituto Ayrton Senna, mostra que, se esse modelo de ensino
fosse implementado em todo o Brasil, seria possível chegar ao patamar dos
Estados Unidos no Pisa, prova internacional aplicada pela OCDE, organização que
reúne os países mais ricos.
O exame mede o nível de aprendizagem em matemática, leitura e
ciências. Em 2012, 65 países participaram do Pisa. O Brasil ficou em 58º
lugar em matemática e em 55º em leitura. Os americanos emplacaram,
respectivamente, a 36ª e a 24ª posição. Não faria mau ao Brasil. E não precisa
ir muito longe: o segredo está logo ali, em Pernambuco. ( Por
Cecília Ritto/VEJA)
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