A seca atual que aflige o
Nordeste teve início em 2012 e se intensificou desde então. Ela já dura cinco
anos e é considerada a mais severa em várias décadas.
A intensidade e a
persistência da atual estiagem podem ser indícios de que as mudanças climáticas
já começam a cobrar sua fatura, aponta um estudo publicado na revista Theoretical and Applied Climatology.
"As projeções de clima geradas pelos modelos climáticos
sugerem que, daqui para a frente, as estiagens mais severas e prolongadas
tenderão a ser a regra, não mais a exceção", afirma o hidrologista e
meteorologista José Antonio Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em Cachoeira Paulista, no interior de
São Paulo.
A seca é um fenômeno natural no Nordeste. Há relatos da sua
incidência desde o século 16, ou seja, desde o início da colonização do país. O
clima hoje é semiárido, mas no futuro poderá não ser mais. Em outras palavras, o sertão pode se tornar uma
zona árida e favorecer um processo de desertificação, afirma
Marengo.
Atualmente, durante os meses chuvosos, há intervalos sem
precipitação que duram de cinco a seis dias. O que as projeções indicam é
que esses intervalos "secos" tenderão a ser mais numerosos e
mais longos, podendo alcançar 40 dias.
Menos chuva significa também dias
mais quentes. Segundo Marengo, a temperatura média no Nordeste já aumentou 0,8ºC entre
1900 e 2000 e as projeções indicam que, na melhor das hipóteses,
o aquecimento vai aumentar 2ºC até 2040. No pior dos cenários, até
4,4ºC até 2100.
Nestas condições, se medidas governamentais sérias e
imediatas não forem tomadas para, por exemplo, conter os desmatamentos, o
sertão pode virar um grande deserto, alerta Marengo.
Com menos chuvas e mais calor ao longo do ano, a vegetação
típica da caatinga tenderá a ser gradualmente substituída pelas cactáceas, que
são vegetação típica de desertos. O impacto disso para a agricultura,
principalmente a familiar e de subsistência, será incomensurável. (Via: UOL Ciências)
Blog: O Povo com a Notícia