Em texto veiculado nesta segunda-feira (27), o
presidente do PT, Rui Falcão, classificou de “memorável” o depacho do ministro
Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, que colocou em liberdade o
ex-goleiro Bruno, acusado de participar da morte da ex-amante Eliza Samúdio.
Falcão cobrou tratamento isonômico para José Dirceu, Antonio Palocci e João
Vaccari, os presos petistas da Lava Jato.
Para o dirigente petista, a soltura do ex-goleiro do Flamengo
“deveria levar a uma revisão geral nas decisões recentes da Suprema Corte nos
requerimentos de habeas corpus sistematicamente denegados.” Falcão reproduziu,
entre aspas, um trecho da decisão de Marco Aurélio: “A esta altura, sem culpa
formada”, anotara o ministro em seu desapcho, “o paciente [Bruno] está preso há
6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade
do processo pode conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à
projeção, no tempo, de custódia que se tem com a natureza de provisória.”
Os argumentos de Marco Aurélio deveriam ser estendidos pelo
Supremo aos processos da Lava Jato, defendeu Rui Falcão. “Afinal, por que
manter presos João Vaccari, José Dirceu e Antônio Palocci – e há outros em
situação semelhante — contra os quais só existem delações e nenhum prova consistente?”,
indagou o grão-petista. “É hora de cessar a parcialidade nos julgamentos, dar
um fim à perseguição política promovida por certos juízes e procuradores e
libertar Vaccari, Dirceu e Palocci.”
Em março de 2015, nas pegadas do Carnaval daquele ano, sob a
presidência do mesmo Rui Falcão, o PT federal divulgara um manifesto de
conteúdo humorístico. Redigido sob a supervisão de Lula, o texto dizia a certa
altura: “Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a favor de investigar os
fatos com o maior rigor e de punir corruptos e corruptores. […] E, caso
qualquer filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será
excluído de nossas fileiras.”
Era como se o partido desejasse dar um banho de gargalhada no
país. A última vez que o PT havia se declarado a favor de apurações rigorosas
fora antes do julgamento do mensalão. Sentenciada, sua cúpula passara uma
temporada enjaulada na Papuda. E nada de expulsão. Ao contrário. Os condenados
sempre foram cultuados nos encontros partidários como “guerreiros do povo
brasileiro”.
Agora, em plena folia de 2017, Rui Falcão rasga em definitivo
a fantasia. José Dirceu, que já carregava sobre os ombros a condenação de 7
anos e 11 meses de cana amealhada no julgamento do mensalão, adicionou ao seu
protuário uma sentença de 23 anos e 3 meses de prisão por envolvimento na
roubalheira do petrolão. João Vaccari já coleciona duas condenações de sérgio
Moro. Juntas, somam 24 anos e 4 meses de prisão. Palocci está na fila.
Ao defender a libertação da banda presidiária do petismo, Rui
Falcão carnavaliza de vez o PT, condenando o partido a uma Quarta-Feira de
Cinzas perpétua. (Via: Blog do Josias de Souza)
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