A crise dos caminhões deixou o
governo de Michel Temer, de linha econômica ortodoxa, com a cara da gestão de
Dilma Rousseff, adeptada da economia criativa. Em agosto de 2015, ainda na
vice-presidência, Temer revelou-se candidato ao trono numa frase dita aos
jornalistas: “É preciso alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos.”
Hoje, Temer alcançou seu objetivo. Reunificou o país… contra si mesmo.
Não é correto chamar de greve uma paralisação de caminhoneiros que não
existiria sem a voz de comando de grandes e médias empresas transportadoras.
Servindo-se dos caminhoneiros autônomos que lhes prestam serviços, o baronato
do transporte mostrou em quatro dias que não é difícil parar um país cuja
produção é majoritariamente distribuída por via rodoviária.
Voltaram-se contra Temer: os caminhoneiros, irritados com o aumento dos
combustíveis; as transportadoras, que exigiram a queda dos impostos sobre o
diesel; a Câmara, que aprovou a toque de caixa uma solução com cara de
rasteira, ao custo de R$ 12 bilhões; e o mercado, que derrubou a cotação das
ações da Petrobras ao farejar sinais da volta da interferência do Planalto na
política de preços da estatal.
Fraco e impopular, Temer vive seus dias de Dilma. A sorte é que a eleição
está próxima e não há no Planalto um vice para dizer que “é preciso alguém que
tenha a capacidade de reunificar a todos.” (Por Josias de Souza)
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