Carlos
Marun, ao lado de Márcio França, em coletiva de imprensa na noite do sábado
(26). Foto: reprodução/Globo News
O governo federal acenou com a possibilidade de atender a
três itens da lista de reivindicações dos caminhoneiros para tentar colocar fim
à greve: fazer o desconto de 10% no valor do diesel nas refinarias (41
centavos) chegar às bombas, aumentar a previsibilidade de reajustes no
combustível de 30 para 60 dias e deixar de cobrar pelos eixos suspensos nos
pedágios.
O secretário de Governo,
ministro Carlos Marun, se comprometeu com a análise das propostas durante
reunião com representantes dos grevistas e o governador de São Paulo no Palácio
dos Bandeirantes, sede do governo paulista. O governador Márcio França havia
feito a proposta da isenção do pedágio por eixo suspenso a caminhoneiros de seu
estado, e agora a oferta foi federalizada.
Marun disse que vai se
reunir com o presidente Michel Temer ainda na manhã deste domingo (27), em
Brasília, para discutir a viabilidade das reivindicações. Ao mesmo tempo, os
representantes dos grevistas vão consultar os caminhoneiros que estão parados
nas rodovias para saber se a oferta é suficiente para terminar o movimento que
começou na segunda-feira (21). Ambos os lados fizeram questão de ressaltar que
se trata de uma negociação em curso, não um acordo firmado.
Novo encontro entre
governo e lideranças dos grevistas deve ocorrer hoje no Palácio dos
Bandeirantes, às 15h. A presença do governador e grevistas é dada como certa, e
o ministro avalia se participa pessoalmente ou por videoconferência. Tanto
Marun quanto os representantes dos caminhoneiros tentaram passar otimismo sobre
o sucesso e usaram palavras cordiais para se referir um ao outro.
Propostas exigem desembolsos públicos
Os itens sinalizados pelo
ministro significam que o governo terá de abrir o caixa. A isenção dos eixos
suspensos nos pedágios será feita pelas concessionárias e o valor, reembolsado
pelo poder público. Marun afirmou que não há um estudo sobre quanto isto custaria.
Mas o governo de São Paulo estima que somente no estado seriam R$ 50 milhões
por mês.
O secretário de Governo
afirmou que a conta precisa ser calculada e disse que todos devem dividir o
custo, se referindo ao governo federal e estados.
Sobre a manutenção do
preço do diesel 10% mais barato, declarou que o governo fará o ressarcimento e
pedirá que a política de aumentos seja feita com certa previsão. Os
caminhoneiros pedem 60 dias. Marun havia oferecido inicialmente um mês.
Um eventual prejuízo à Petrobras
por represar variações do preço internacional ou variação cambial também seria
compensado com repasse federal.
O ministro ainda falou que
não sabe como garantir que o desconto nas refinarias chegue integralmente às
bombas, mas prometeu estudar o caso e apresentar uma solução. Acrescentou que o
governo federal não diminuiu o preço do litro do diesel para o lucro ficar com
donos de postos de combustíveis.
Grevistas vão avaliar proposta
As três medidas do governo
são uma federalização de parte do que o governador de São Paulo apresentou aos
caminhoneiros paulistas. Elas foram suficientes para destravar o Rodoanel, mas
não surtiram efeito nos motoristas que estacionaram os caminhões na Regis
Bittencourt.
Os representantes de
grevistas que estiveram no encontro, que começou às 21h de sábado e durou duas
horas, vão ter nova conversa com motoristas de todo o país.
A apresentação da proposta
feita no sábado pelo governador de São Paulo terminou em discussão acalorada na
Regis Bittencourt. Grevistas de outros estados reclamaram que não estavam
contemplados e ainda classificaram a oferta de esmola. Eles queriam diesel a
menos de R$ 3 e defendiam que a população apoia o movimento. Afirmavam também
que o desabastecimento na segunda-feira aumentaria o poder de barganha.
A outra ala argumentava
que é melhor um acordo sem ter todas as pautas atendidas, do que boas
reivindicações ignoradas. Estes acrescentavam que, esgotado o diálogo, só resta
o uso da força para o governo. A oposição de pontos de vista evoluiu para uma
conversa em tom áspero e elevado e terminou com cada um indo para seu lado de
forma tensa. Por fim, a rodovia permaneceu fechada por ser considerada vital
para o sucesso da greve.
Grevistas e governo trocam gentilezas
Logo que começou a falar,
o ministro Carlos Marun encheu os grevistas de confetes. Elogiou os
representantes, disse que as reivindicações são justas e “que o movimento já é
vitorioso”. Ele disse que o governo aceitou negociar desde o primeiro momento
mesmo com parte da imprensa criticando a medida.
O ministro reconheceu que
o diesel está caro e que aumentos seguidos prejudicam os caminhoneiros. “A
imprevisibilidade inviabiliza os negócios. [O caminhoneiro] parte de uma cidade
e, no meio do caminho, o preço do diesel é outro.”
Os representantes dos
caminhoneiros também mantiveram a porta aberta para o diálogo, adotando um tom
ameno e conciliador nas menções ao ministro. Ressaltaram que tentam uma solução
e que todos estão se esforçando. Os discursos são de que o final da greve está
próximo. O mesmo otimismo reinava no final da primeira reunião, em que
participou somente o governador. Ele não se justificou. Na tarde deste domingo,
será dada a resposta se agora o otimismo faz sentido. (Via: UOL)
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