Além dos reflexos econômicos, a
crise dos caminhões deixará marcas políticas. O governo já havia entrado em
colapso ético em maio de 2017, quando explodiu o grampo do Jaburu. Na crise atual,
o que se convencionou chamar de gestão Temer viveu um apagão administrativo. No
momento, Temer dispõe de uma equipe inepta, uma base congressual estilhaçada e
uma autoridade que cabe numa caixa de fósforos. Tudo isso leva o mercado, a
sociedade e os atores políticos a desligarem o presidente da tomada.
Entre o colapso moral de maio de 2017 e o apagão de maio de 2018, o
desgoverno de Temer operou em duas velocidades que podem ser consideradas
insultuosas. Moralmente, foi ligeiro como um punguista. Gerencialmente, foi
lento como uma lesma. A autoridade de Temer ruiu porque a sociedade tem a exata
percepção de que honestidade e eficiência são como virgindade. Quem perdeu não
recupera.
A crise dos caminhões fez de Temer um presidente terminal. Ele não deixará
a Presidência, terá alta. Sairia em 1º de janeiro de 2019. Mas, na prática, seu
mandato será encurtado para 28 de outubro. Nesse dia, o brasileiro escolherá,
em segundo turno, o próximo presidente da República. A realidade forçará o
presidente eleito a iniciar o novo governo já na fase de transição. Temer, que
se queixava de ser tratado por Dilma como um vice “decorativo”, permanecerá no
Planalto até 1º janeiro como um vaso quebrado à espera de ser removido para o
entulho da história. (Por Josias de Souza)
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