Um ano depois de assinar o mais
impactante acordo da Lava Jato — o da J&F, dos irmãos Joesley e Wesley
Batista —, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot afirma que essa foi uma das
colaborações premiadas que mais auxiliaram o combate à corrupção no
Brasil.
"Esse da J&F foi o acordo em que nós chegamos à cabeça da
organização criminosa, por isso foi muito importante. Atingiu um presidente da República
em exercício que, depois de três anos e meio da Lava-jato, continuava
praticando atos que queria. [O presidentente Michel Temer] achava que era imune
a qualquer investigação do Ministério Público. E nenhum cidadão é. Chegamos ao
virtual futuro presidente da República (senadorAécio Neves), que também
continuava praticando atos e se acreditava imune. Esse é o quadro que eu
desenho de um ano depois dessa colaboração da J&F", disse Janot em
entrevista ao jornal O Globo.
Questionado sobre o fato de tanto Temer quanto Aécio se manterem em seus
respectivos cargos mesmo diante das acusações que peseam sobre ambos, o
ex-procurador diz ser necessário avaliar cada contexto.
"A gente precisa entender as duas situações. A situação do presidente
Michel Temer, em razão da relevância do cargo que ocupa, para que seja
processado criminalmente necessita autorização da Câmara. E a Câmara, fazendo
um juízo político, não permitiu o prosseguimento do processo penal, que já
existe. Então ele vai responder depois que deixar o seu mandato. Quanto ao
senador Aécio Neves, virtual futuro presidente da República, é réu em um
processo penal. E réu num processo admitido pelo Supremo Tribunal Federal em
razão da colaboração premiada feita pelos executivos da J & F",
declarou Janot ao jornal carioca.
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