A pouco mais de 20 dias do início
do período de convenções partidárias, os cinco pré-candidatos mais bem
colocados nas pesquisas resistem a apresentar propostas detalhadas do que
pretendem fazer na Presidência, caso vençam a disputa. Os planos de governo só
devem ser divulgados no período de formalização das candidaturas, que ocorrerá
entre 20 de julho e 5 de agosto. Por ora, os políticos esboçam planos genéricos
para tratar dos temas mais relevantes e espinhosos, como as reformas econômicas
e os projetos para áreas tradicionalmente negligenciadas, como segurança, saúde
e educação.
Patinando nas pesquisas, o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, se
antecipou aos demais postulantes e divulgou ontem uma lista com 20 diretrizes
que integrarão o eixo do seu plano de governo. Mas limitou-se a tópicos
genéricos, como “infraestrutura”, “saúde”, “políticas sociais” e “defesa”. O
plano de voo tucano não aprofunda o debate em nenhuma das 20 áreas. Os
idealizadores do programa não querem detalhar as propostas neste momento da
pré-campanha porque temem cair no que chamam de “armadilha” de 2014, quando a
então candidata pelo PSB, Marina Silva, hoje postulante da Rede, passou a
campanha se explicando sobre as propostas do seu programa, apresentado antes das
campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves. A plataforma de Alckmin deverá ter
entre 150 e 170 páginas.
Alckmin tem dito que, se for eleito, irá encaminhar ao Congresso, nas
primeiras semanas de governo, projetos de reformas política, tributária,
administrativa e previdenciária — a mais discutida antes da campanha. Porém, da
mesma forma que seus adversários, não se aprofunda em detalhes da reforma da
Previdência. Em maio, por exemplo, todos os principais pré-candidatos foram
questionados pelo jornal O Globo sobre o tema e silenciaram.
Primeiro colocado nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) pretende apresentar
seu plano de governo apenas no fim de julho. O economista Paulo Guedes está à
frente da área econômica, e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) cuida dos demais
setores do programa. As principais propostas, no entanto, ainda não vieram a
público. Ele já ensaiou um discurso sobre privatizações, em que defende a
ampliação das operações, mas com restrição à venda de empresas consideradas
estratégicas. Ontem, chegou a dizer que pretende ampliar de 11 para 21 o número
de ministros do STF. Até mesmo as ações em segurança pública, um dos motes da
campanha do deputado federal, são vagas. A não ser algumas ideias já
antecipadas, como distribuir fuzis a agricultores.
Depois de apresentar propostas antes dos adversários na eleição passada,
Marina Silva tem dito que não tem pressa para lançar o programa. Se eleita,
Marina diz que revisará algumas das políticas mais importantes de Michel Temer,
como o teto de gastos de longo prazo, mas não menciona os detalhes sobre como
pretende enfrentar a crise fiscal. Informa que a prioridade do primeiro ano de
governo seria a aprovação de uma reforma da Previdência, sobre a qual informou
que pretende unificar regras dos setores público e privado. Também já avisou
que pretende levar ao Congresso proposta para fim da reeleição a presidente.
Marina, porém, já detalhou pontos que pretende revisar na reforma
trabalhista, já aprovada, como a regra de estabelece que o acordado entre
patrão e empregado se sobrepõe ao legislado. No capítulo da sustentabilidade,
uma das propostas é limitar as fronteiras agrícolas na Amazônia.
Ciro Gomes (PDT), por sua vez, também faz mistério sobre o plano de
governo e só deve finalizar seu programa no fim do mês. A tendência é seguir o
roteiro de Alckmin, com diretrizes genéricas sobre saúde, educação, emprego,
economia. Uma das propostas de Ciro mais adiantadas é o Projeto Nacional de
Desenvolvimento, cujo objetivo central seria a geração de empregos. O pedetista
tem falado sobre a necessidade de retomar os incentivos à indústria nacional.
Ciro já avisou, porém, que irá cancelar os leilões do pré-sal e que nem
pensa em privatizar setores estratégicos, como o de combustível (Petrobras) e
energia (Eletrobras), também que desagradam investidores e operadores do
mercado financeiro.
Na campanha de Alvaro Dias (Podemos), o programa deve ficar pronto um
pouco antes da convenção. O nome do documento será “A refundação da República”,
mote usado pelo pré-candidato.
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