A pouco mais de um mês para o início do
período de registro de candidaturas (27 de julho), o grupo do governador Paulo
Câmara (PSB) só tem o próprio nome confirmado como cabeça de chapa. Já o
Pernambuco Vai Mudar só tem anunciada oficialmente metade da chapa, com o
senador Armando Monteiro (PTB) para o governo e o deputado federal Mendonça
Filho (DEM) para o Senado. Correndo por fora, a vereadora do Recife Marília
Arraes (PT) lançou recentemente o deputado federal Silvio Costa (Avante) como
um dos candidatos a senador, mas ainda tenta se viabilizar junto ao partido.
Tal cenário muito difere do histórico das eleições majoritárias anteriores,
quando após o Carnaval era praxe que as chapas, seja da base ou oposição,
estivessem definidas.
A
situação no âmbito nacional é um dos fatores que contribuem para a indefinição
das candidaturas nos Estados, como o fato de o mais bem colocado nas pesquisas
de intenção de voto, o ex-presidente Lula (PT), estar preso. “Os governadores
nordestinos ficam em compasso de espera para saber quem vão apoiar”, diz o
cientista político Elton Gomes.
No
caso de Paulo Câmara, uma aliança nacional do PSB com o PT ou com o PDT tem
influência direta na escolha de um dos nomes para disputar o cargo de senador
ao lado do deputado federal Jarbas Vasconcelos, que é tido como praticamente
certo na chapa. Em caso de acordo com os petistas, o nome será o do senador
Humberto Costa (PT). Se os socialistas apoiarem Ciro Gomes (PDT), o ex-prefeito
de Caruaru José Queiroz pleiteia a vaga. “Nos interessa trazer o PT para a
nossa base. Foram feitos gestos vários nessa direção, e eu penso que está no
tempo de resolução”, disse o líder do PSB na Câmara, o deputado federal Tadeu
Alencar. Ele acredita que, após a Copa do Mundo, os cenários serão melhor
definidos. “Até porque daqui a pouco nós vamos estar no prazo formal de
campanha, e você só entra em uma boa campanha se tiver se preparado para isso e
com a definição daqueles que vão disputar a chapa majoritária”, contou.
Mas
outras variáveis também entram nessa conta, como as novas regras aprovadas na
reforma eleitoral de 2015, que serão aplicadas pela primeira vez nas eleições
estaduais. A reforma reduziu pela metade o tempo de campanha, que era de 90
dias, para 45 dias.
Presidentes
de partidos aliados de Paulo Câmara, os deputados federais Luciana Santos, à
frente do PCdoB, e Eduardo da Fonte, que comanda o PP em Pernambuco, defendem
que a indefinição não atrapalha o socialista. “Tem coisas que dependem mais da
construção política do que da proximidade ou não das convenções”, justifica a
comunista sobre a espera para a escolha dos pré-candidatos, prevista pelo
governador para julho. “É natural”, afirma o pepista.
Os
dois discordam, porém, sobre os efeitos da redução do tempo de campanha. “As
campanhas mais curtas atrapalham muito o debate de ideias, o convencimento”,
argumenta Luciana Santos. O PCdoB, que também integra as discussões nacionais
dos partidos de centro-esquerda, incluindo o PSB, também tem interesse em
ocupar uma das vagas ao senado. “Noventa dias de campanha traz prejuízos para o
setor produtivo do País. Em outros países, as campanhas são curtas”, diz o
deputado federal Eduardo da Fonte (PP).
Já a
frente das oposições agregou recentemente a família Ferreira ao seu grupo, mas
não fez o anúncio do deputado estadual André Ferreira como o outro candidato a
senador, ainda. A vaga de vice também está em aberto, que em tese deve ser
ocupada por algum nome do PSDB. A oposição tenta ainda atrair outros partidos,
como o Solidariedade.
No
caso do grupo, para Armando Monteiro, a indefinição não vem de questões
nacionais. “Em relação ao palanque adversário, é notório que sim”, pontua o
petebista. “O nosso processo é em relação a movimentos da política local, que
podem aconselhar a gente fechar ou não fechar a chapa”.
Para
o pré-candidato ao governo na frente Pernambuco Vai Mudar, o eleitor ainda não
está envolvido com o processo eleitoral. “É hora do planejamento, das
articulações políticas do que se pretende fazer”, afirma o senador.
Segundo
Elton Gomes, a cautela em anunciar as chapas também trata-se de uma estratégia
dos partidos para evitar desgaste político. “Quanto antes você anuncia o
candidato, mais o adversário se apressa em desconstruir a imagem dele. É como
se você estivesse um jogo de carteado deixando para baixá-las muito perto da
partida se encerrar, para saber se você tem condições de bater ou não”,
pontuou.
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