Em uma reação ao adiamento para 2027 da
entrega do trecho da Transnordestina que vai de Salgueiro, no Sertão
pernambucano, ao Complexo Industrial Portuário de Suape, na Região
Metropolitana do Recife, o presidente do Porto de Suape, Carlos Vilar, iniciou
articulação com uma companhia chinesa que demonstrou interesse em investir no
porto e na ferrovia. A movimentação ocorre após a Transnordestina Logística
S.A. (TLSA) – empresa que atualmente é responsável por tocar o empreendimento –
divulgar, no início deste mês, um novo cronograma de entrega da obra que
prioriza a parte que liga a cidade de Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto de
Pecém, no Ceará.
De
acordo com Vilar, o primeiro contato com a CCCC (China Communications
Construction Company) ocorreu há cerca de um mês, quando a empresa e outras 21
companhias participaram de um evento em Suape. Naquela oportunidade, diz o
presidente do complexo portuário, o grupo oriental já havia demonstrado
interesse em investir no Estado.
“Depois
que eu soube que o trecho da ferrovia que vai de Salgueiro a Suape só seria
concluído em 2027, lembrei do pessoal da China e procurei a empresa para uma
reunião. Na última quarta-feira (21) me encontrei com o CEO da companhia, Lin
Li, que mostrou-se interessado em investir no terminal de minérios e grãos, em
Suape, e também na ferrovia, essencial para a viabilidade do projeto”, explicou
Carlos Vilar.
Atualmente,
a concessão para construção da Transnordestina é da TLSA, uma subsidiária da
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Mas tanto Vilar quanto o próprio
governador Paulo Câmara (PSB) defendem a rescisão desse contrato, uma vez que a
empresa não cumpriu diversos pontos do acordo firmado com o governo federal. O
Tribunal de Contas da União (TCU), inclusive, determinou a suspensão de
repasses federais à empresa devido a irregularidades registradas no decorrer da
execução da obra.
“Essa
empresa (TLSA) precisa se explicar ao TCU. Muitos questionamentos foram feitos,
e eles nunca se explicaram. No nosso entendimento, no do Ceará e do Piauí, para
essa ferrovia ser finalizada, é necessário haver a rescisão do contrato com
essa empresa. Ela não cumpriu o seu papel, pelo contrário, deixou muitas
brechas, falta de transparência”, afirmou Paulo, no início deste mês.
No
último dia 23, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o governador
voltou a falar sobre a ferrovia. No texto, o socialista questiona o fato de a
TLSA ter escolhido concluir primeiro a parte do empreendimento que vai até
Pecém, defende que a União transforme o Terminal de Minérios de Suape em um
terminal privado e argumenta que “não existem razões” para o governo federal
aprovar o novo cronograma da obra.
A
TLSA foi procurada pela reportagem, mas afirmou que não se pronunciaria sobre o
caso. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foi acionada, mas não
respondeu aos questionamentos do JC até o fechamento desta edição. O Palácio do
Campo das Princesas também preferiu não falar sobre esse assunto. Com
informações do Jornal do Commercio.
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