A Polícia Federal pediu a prisão do
ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT), do secretário de Casa Civil do
Estado, Bruno Dauster, e de um empresário. As solicitações foram negadas pelo
Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), responsável pelos mandados que
deflagraram nesta segunda-feira (26), a Operação Cartão Vermelho.
O
superintendente da PF, na Bahia, Daniel Justo Madruga, afirma que os
investigadores, inicialmente, queriam a condução coercitiva dos três suspeitos.
Como a medida está suspensa desde dezembro, por decisão do ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal requereu a prisão
temporária.
“Nós
entendíamos que nesse momento seria importante a condução coercitiva dos
investigados para que eles depusessem hoje sem a possibilidade de combinar
nenhum tipo de resposta, mas por decisão do Supremo Tribunal Federal as
conduções coercitivas estão suspensas. Não se pode adotar esse tipo de medida.
Nós entendíamos que era necessária a condução. Não havendo a possibilidade de
condução, alternativamente se pediu a prisão temporária que foi negada pelo
Tribunal Regional Federal da 1ª Região”, afirmou Daniel Madruga.
O
petista foi alvo de mandado de busca e apreensão da operação e teve sua
residência e seu gabinete na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo
do Estado vasculhados.
A PF
suspeita que Jaques Wagner tenha levado R$ 82 milhões de valores desviados das
obras do estádio Arena Fonte Nova. O ex-governador chefiou o Estado entre 2007
e 2014.
A
investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição,
reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. A Polícia Federal identificou
que ‘a licitação que culminou com a Parceria Público Privada nº 02/2010 foi
direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações – FNP, formado
pelas empresas Odebrecht e OAS’.
“Em
razão das delações da Odebrecht e de material
apreendido na OAS, nós
verificamos que de fato o então governador recebeu uma boa parte do valor
desviado do superfaturamento para pagamento de campanha eleitoral e de propina.
Havia
dois intermediários, seja pela OAS seja pela Odebrecht que também foram alvo de
busca nesta data. Um destes intermediários é o atual secretário da Casal Civil
do Governo do Estado da Bahia e outro é o empresário muito próximo do então
governador e também foi alvo de busca nesta data”, afirmou à delegada.
A
Cartão Vermelho cumpriu sete mandados de busca e apreensão, em Salvador. A PF
vasculhou o gabinete de Jaques Wagner na Secretaria de Desenvolvimento
Econômico do Governo do Estado, Pasta comandada pelo petista.
Em
nota, a PF informou que ‘dentre as irregularidades já evidenciadas no inquérito
policial estão fraude a licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas,
corrupção e lavagem de dinheiro’.
“A
obra, segundo laudo pericial, foi superfaturada em valores que, corrigidos,
podem chegar a mais de R$ 450 milhões, sendo grande parte desviado para o
pagamento de propina e o financiamento de campanhas eleitorais.”
Os
mandados – expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região – estão sendo
cumpridos em órgãos públicos, empresas e endereços residenciais dos envolvidos
no esquema criminoso, e têm por objetivo possibilitar a localização e a
apreensão de provas complementares dos desvios nas contratações públicas, do
pagamento de propinas e da lavagem de dinheiro.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO PABLO DOMINGUES, QUE DEFENDE JAQUES
WAGNER
“A
gente ainda não teve acesso integral ao inquérito. Do que a gente tem
conhecimento, é que esses valores são valores feitos de modo aleatório, há uma
fragilidade na elaboração dessas contas. São factoides, são inverdades. Ele
está muito tranquilo com relação a isso, porque jamais houve essa situação.
Está absolutamente tranquilo em relação a isso.”
COM A PALAVRA, O SECRETÁRIO BRUNO DAUSTER
“O
secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, estranhou a inclusão do seu nome na
operação da Polícia Federal. Disse que não era secretário na época dos fatos
investigados e que deseja um amplo esclarecimento o mais rápido possível”. Com
informações do Estadão Conteúdo.
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