As chuvas que caíram em Pernambuco nos
últimos dias ainda não foram suficientes para modificar a situação dos
reservatórios no Estado, especialmente no Agreste, região mais castigada pela
seca atualmente.
Jucazinho,
no município de Surubim, por exemplo, ainda está com nível de acúmulo de água
de 4%, correspondente a 13 milhões de metros cúbicos. A capacidade é de 327
milhões de metros cúbicos de água. Este é o maior reservatório para
abastecimento humano do Agreste e atende a 15 municípios da região.
As
chuvas também não afetaram a barragem do Bitury, que continua em situação de
pré-colapso. O reservatório fica em Belo Jardim, também no Agreste.
“As
chuvas registradas recentemente não foram suficientes para fazer os rios
correrem para as barragens. Se continuar chovendo, aí sim o terreno fica
saturado e os rios podem aumentar de volume. É época de chuva no Sertão. No
Agreste, a quadra começa em abril. Se vier chuva fora de época, é lucro pra
gente, mas é difícil prever”, comenta o diretor Regional do Interior da
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Marconi de Azevedo.
No
Agreste, apenas a barragem de Riacho da Palha, no município de Lagoa de Ouro,
captou água. A cidade de 12 mil habitantes estava há um mês em rodízio e, hoje,
o abastecimento voltou a ser 24 horas.
Já no
Sertão, o destaque é a barragem de Brotas, em Afogados da Ingazeira, que
aumentou o volume em 6%. A capacidade total da barragem é de 19,6 milhões de
metros cúbicos. Agora está com 64% da sua capacidade.
A
situação no Agreste preocupa o setor produtivo, já que a água é essencial para
a produção do Polo de Confecções. Na semana passada, os representantes das
Câmaras Setoriais de Moda e Produção Têxtil se reuniram com representantes da
Compesa. “Pernambuco é o maior produtor de jeans do País. Tem 18% da produção,
mas não tem nenhuma fábrica de denim, por causa da situação hídrica. Para levar
indústrias de maior porte para o interior do Estado, precisamos de água e
energia”, comenta o presidente da AD Diper, Antônio Xavier, que acompanhou a
reunião. Interesse para investir por parte das empresas existe. Ele cita a
chegada da Pernambuco Têxtil, que vai investir R$ 75,3 milhões na região e
gerar 290 vagas para produzir o denim.
A
Compesa garante que em 24 meses, no máximo, será possível regularizar o
abastecimento na região. É o prazo previsto para a operação ao menos de parte
da Adutora do Agreste, que deveria ter ficado pronta em 2015, mas ainda se
arrasta e depende de recursos do governo federal. Enquanto isso, outras três
obras têm o objetivo de amenizar a ausência da Adutora do Agreste, cuja função
é distribuir água da Transposição do Rio São Francisco para os municípios. São
elas: a Adutora do Moxotó, que está em fase de testes; a Adutora do Alto
Capibaribe, que começou a ser construída recentemente e só deve ser concluída
no fim de 2019; e a Adutora do Serro Azul, também em obras.
“Mesmo
se as barragens secarem, as cidades vão continuar a ser abastecidas com água do
São Francisco. As obras vão diminuir totalmente a dependência de carros-pipa”,
comenta Marconi de Azevedo.
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