A redução da pena do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva terá pouco impacto no PT, num momento em que o partido
sofre com divisões e patina na tentativa de estruturar uma oposição efetiva ao
governo do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo que venha a ser beneficiado em
setembro com uma prisão domiciliar, o líder petista continuará com limitações
para receber visitas e impedimento para participar de atos públicos e fazer
viagens pelo país.
Lula
não terá como exercer as suas principais qualidades: a oratória e a costura de
alianças. Sem ele em campo, o PT continuará com problemas para aglutinar
aliados para se contrapor a Bolsonaro.
O
ex-presidente também encontraria praticamente as mesmas dificuldades que tem
hoje para arbitrar as questões internas de seu partido. Apesar de participar de
todas as decisões importantes graças à comunicação transmitida pelos advogados
que o visitam diariamente na Polícia Federal em Curitiba, Lula não consegue
atuar de maneira rápida no dia a dia.
Desde
a eleição do ano passado, o PT enfrenta as divergências entre a sua presidente,
a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e o ex-ministro Fernando Haddad. Há
uma divisão entre o grupo que defende o endurecimento de um discurso de
esquerda, encampado por Gleisi, e outra favorável à ampliação da atuação da
aliança com aproximação com setores de centro, defendida pelo ex-prefeito
paulistano.
Em
novembro, o partido elegerá uma nova direção. Gleisi pretende disputar um outro
mandato à frente do PT, mas enfrenta resistência da CNB, a corrente majoritária
da qual ela faz parte. Os governadores do partido também têm restrições ao nome
da deputada paranaense. Em 2017, quando a legenda iniciou seu processo de
eleição, Lula, em liberdade, entrou em campo, fez com que nomes que se
colocavam como candidatos a comandar a sigla desistissem e bancou a escolha da
Gleisi.
Agora,
o petista tem insistido na atual presidente e vêm afastado articulações em
torno de outro nome para presidir o partido.
Receoso
de que uma aceleração no julgamento no caso do sítio de Atibaia no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região possa jogar água nas suas perspectivas de deixar
a prisão em setembro, Lula disse aos advogados que lhe transmitiram o resultado
do julgamento acreditar que só ganhará a liberdade se houver “luta do povo, com
o PT empunhando a bandeira do ‘Lula livre’”.
Blog: O Povo com a Notícia