Pesquisadores questionaram na
última sexta-feira (7) a tese de que o pangolim, um mamífero comercializado
ilegalmente em grandes quantidades na China, seria o hospedeiro intermediário
do coronavírus entre morcegos e seres humanos. A hipótese foi divulgada no
mesmo dia pela Universidade de Agronomia do Sul da China, que disse em seu site
que "a descoberta será de grande impacto para a prevenção e par o controle
da origem (do novo vírus)".
A agência de notícias Xinhua afirmou que a sequência genética do
coronavírus isolada em pangolins no estudo era 99% idêntica às encontradas em
pessoas infectadas. Por isso, foi feita a firmação de que o animal, único
mamífero com escamas, seria "o mais provável hospedeiro
intermediário".
Apesar da proibição, o pangolim é o animal mais traficado na Ásia. Sua
carne é considerada uma iguaria, e as escamas são utilizadas para fins
medicinais.
Mas Dirk Pfeiffer, professor de medicina veterinária na Universidade da
Cidade de Hong Kong, e James Wood, chefe do departamento de medicina
veterinária da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, disseram que a
evidência do estudo está longe de ser robusta.
"Os indícios para o potencial envolvimento do pangolim na epidemia
não foram divulgados além de um comunicado à imprensa da universidade. Isso não
é evidência científica", afirmou Wood. "A mera detecção de RNA viral
com uma similaridade de 99% não é suficiente. Os resultados não poderiam ser
oriundos de um ambiente altamente contaminado?"
Jonathan Ball, professor de virologia molecular na Universidade de
Nottingham, disse que a pesquisa da universidade chines é uma iniciativa
interessante, mas que ainda não está claro "se o pangolim, ameaçado, é ou
não o hospedeiro".
"Precisaríamos ver todos os dados coletados para verificar as
relações entre os humanos e pangolins infectados, a prevalência do vírus entre
pangolins e se eles estavam sendo vendidos nos mercados em Wuhan",
afirmou.
O número total de mortos na China continental subiu em 86 neste sábado
(8), chegando a um total de 722 desde o início do surto. Assim, o saldo de
mortos pelo novo coronavírus está prestes a passar as 774 mortes registradas
globalmente durante a pandemia de 2002-2003 da Sars, causada por outro tipo de
coronavírus que migrou de animais para humanos na China.
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