As 34 pessoas que tiveram contato
mais próximo com o brasileiro que está infectado por coronavírus estão sendo
monitoradas mais de perto pelos governos de São Paulo e pelo governo federal.
Desse total, 30 pessoas são parentes que estiveram almoçando na casa do paciente
na capital paulista no domingo (23), entre eles, duas crianças que são netas
dele. As outras quatro são pessoas que estiveram próximas dele no voo que ele
fez da Itália para o Brasil na última sexta-feira (21).
“Seguimos protocolos internacionais da Organização Mundial de Saúde e do
Ministério da Saúde. Os familiares já foram todos contatados e a orientação é
para que estejam atentos aos sintomas e, quando tiverem sintomas, eles devem
procurar um serviço de saúde. Também falamos para que eles evitem aglomerações.
O homem está em isolamento domiciliar. Ele usa máscara e existe um protocolo
para eliminação de resíduos domiciliares (lixo). Estão todos eles orientados. E
os quatro pacientes do contato no voo [que estavam na mesma área que ele],
foram todos orientados”, disse hoje (26) coordenadora de Vigilância em Saúde do
Município de São Paulo, Solange Saboia.
De acordo com a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da
Secretaria da Saúde, Helena Sato, a esposa do homem que teve o caso confirmado para
coronavírus está vivendo na mesma casa que ele, mas em ambiente separado. Toda
a louça que ele utiliza é separada somente para ele. A esposa não apresenta
sintomas da doença.
Nenhuma das pessoas que tiveram contato com o contaminado, chamadas de contactantes,
apresentaram sintomas. Por isso elas não precisam estar em quarentena, segundo
os protocolos que são seguidos mundialmente. Elas são apenas orientadas sobre
os sintomas, procedimentos adequados e riscos.
Casos
suspeitos
Segundo a Secretaria Estadual de São Paulo, há 11 casos suspeitos de
coronavírus no estado que estão sendo analisados, sendo nove deles na capital,
um em Lorena e outro em São Roque. Além de apresentar os sintomas respiratórios
característicos da doença, essas pessoas têm histórico de viagem, sendo que um
deles passou pela China e nove pela Itália, países onde foram registrados casos
locais de transmissão do Covid-19. Um dos casos é de uma pessoa que teve
contato com um caso suspeito.
Em entrevista na tarde desta quarta-feira, em São Paulo, o secretário
executivo da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, Alberto Kanamura, disse
que o único caso confirmado no estado até o momento é o desse homem de 61 anos,
que esteve na Itália a trabalho e que mora na capital. Ele está em isolamento,
em sua residência e seu estado de saúde é bom.
Centro de
Contingência
Após ter registrado o primeiro caso de coronavírus na capital paulista, o
governo de São Paulo decidiu criar um centro de contingência para monitorar e
coordenar ações contra a propagação do novo coronavírus. O centro será
coordenado pelo infectologista David Uip.
O centro também terá profissionais do Instituto Butantan, médicos
especialistas das redes pública e privada e terá a supervisão do Secretário de
Estado da Saúde, José Henrique Germann.
Na primeira reunião do centro, nesta manhã, ficou acertado que os
hospitais do estado que serão referência para o tratamento de casos graves
serão o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ambos na capital, o
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e o Hospital das Clínicas de Campinas,
além do Hospital de Base de São José do Rio Preto e o Emílio Ribas do
Guarujá.
Essas unidades têm cerca de 4 mil leitos, sendo mil deles em Unidade de
Terapia Intensiva. Os hospitais privados também poderão integrar a rede e
disponibilizar leitos, caso haja necessidade.
Segundo Kanamura, apesar do registro do primeiro caso no Brasil, não há
razão para alarde. “Não há razão para pânico, mas é preciso estar alerta porque
essa situação pode mudar a qualquer momento”, disse ele. “Isso não quer dizer
que essa é a pior doença. Essa é mais uma doença que vamos ter que enfrentar e
vencer”.
Segundo o infectologista David Uip, neste momento, o Brasil passa por uma
estação de verão, quando é menor a possibilidade da transmissão do vírus.
“Vírus gosta de frio, não gosta de calor, mas não sabemos como o vírus vai se
comportar no Brasil”, disse.
O que se sabe sobre a doença, disse Uip, é que cada infectado transmite
para outras duas ou três pessoas. As pessoas mais vulneráveis em todo o mundo
são as que têm mais de 60 anos, principalmente acima de 80 anos, embora haja
casos registrados também em crianças. O período de incubação da doença é de 14
dias.
Primeiro
caso na América do Sul
O primeiro caso de Covid-19 foi diagnosticado na terça-feira (25), em um
paciente do Hospital Israelita Albert Einstein. O exame foi enviado para
contraprova no Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência nacional para
análise de amostras casos suspeitos, que confirmou o resultado. Esse paciente
esteve na Itália, a trabalho. Quando começou a apresentar sintomas, como tosse,
coriza e febre, procurou o hospital, que confirmou a suspeita
Além dos sintomas como febre, dificuldade para respirar, tosse ou coriza é
preciso observar outros aspectos epidemiológicos, como histórico de viagem em
área com circulação do vírus ou mesmo contato próximo a algum caso suspeito ou
confirmado laboratorialmente para Covid-19. As áreas consideradas de risco
hoje, em que houve confirmação de transmissão de coronavírus, são Itália,
Austrália, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Japão,
Malásia, Vietnã, Singapura, Tailândia, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes
Unidos.
“Quem é o caso suspeito? É a pessoa de qualquer idade que apresente febre,
acompanhada por outros sintomas respiratórios que pode ser desde uma coriza
nasal ou uma tosse”, disse Sato. Além disso, destacou ela, é observado se essa
pessoa viajou recentemente. “[Além de apresentar sintomas, pessoas suspeitas
são aquelas] que nos últimos 14 dias tenham vindo, além da China, desse
conjunto de países que foi incluído [na lista feita pelo Ministério da Saúde]”.
Para prevenir a doença, o ideal é lavar as mãos constantemente com água e
sabão ou álcool gel. Também é importante proteger o nariz e a boca quando
espirrar. (Via: Agência Brasil)
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