Na avaliação do diretor do
Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), Mário Câmara, não há
possibilidade do miliciano Adriano da Nóbrega, morto no último domingo (9) pela
polícia, ter sido executado. A possibilidade foi levantada após matéria da
revista Veja, que entrevistou dois médicos legistas.
“Difícil de crer que legistas comentam esse tipo de erro. Uma fotografia
que não se sabe se foi adulterada; isso é absurdo, não consta em literatura
nenhuma”, reclamou, em entrevista à imprensa nesta sexta-feira (14), na sede do
Departamento de Polícia Técnica.
O principal questionamento apontado pelos legistas ouvidos pela revista é
sobre a possibilidade de disparos à curta-distância - pescoço e tórax -, por
causa da presença de marcas vermelhas na região do peito, com a presença de uma
"zona de tatuagem", indicativo de disparo à curta-distância. Nada
disse apontado no resultado da necropsia divulgada pela Secretaria de Segurança
Pública da Bahia (SSP-BA).
Segundo os especialistas, não há zonas de tatuagem, ou qualquer outro
indicativo de disparo à curta-distância. Não havia, por exemplo, resíduos de
pólvora no corpo de Adriano, próximos às marcas de tiro.
Os especialistas defenderam a tese do uso do fuzil pelo tamanho das
marcas. A teoria de curta-distância também não faria sentido pelo uso da arma.
“Pistola não faz isso. Foi um projétil de alta energia”, garantiu. Segundo
o diretor do IML, caso fosse um disparo de fuzil a curta distância, o estrago
seria ainda maior.
Miliciano
Adriano da Nóbrega era apontado como chefe do Escritório do Crime, grupo
carioca de milicianos. Ele passou por Costa do Sauípe, no município de Mata de
São João, e por Esplanada, onde foi morto em confronto com a polícia no último
domingo (9), de acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública
(SSP-BA).
Ele é suspeito de ter envolvimento na morte da ex-vereadora carioca
Marielle Franco, em 2018. A possibilidade de "queima de arquivo" é
levantada pela hipótese de que Adriano teria informações que poderiam
comprometer autoridades, como o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Conhecido como "Capitão Adriano", o ex-policial militar foi
homenageado por na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em 2005,
quando estava preso, acusado de homicídio, entrou para a PM em 1996. Em 2000,
concluiu o curso e ingressou no Bope.
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