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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Mensagens revelam existência de setor de 'RH do PCC' para controlar queixas e até licenças médicas

Uma investigação conduzida pela Polícia Civil de São Paulo revelou a existência de um setor interno que funciona como "Recursos Humanos (RH)" do Primeiro Comando da Capital (PCC). Através de mensagens em aplicativos de conversa, integrantes da maior facção criminosa do país passam orientações sobre posicionamentos eleitorais, definem regras para o mercado de drogas e até concedem licença médica para funcionários.

De acordo informações divulgadas pela Polícia Civil em coletiva de imprensa nesta terça-feira (21), o setor é chamado de "Sintonia Final do Resumo". A revelação foi feita a partir do conteúdo extraído dos celulares do traficante Michael Silva, o Neymar do PCC. 

O departamento em questão atua na "manutenção da ordem, hierarquia e controle" da facção. Um dos métodos é o "tribunal", que julga a conduta dos filiados, além de ameaças a quem "de alguma forma entra em conflito com os interesses do PCC", seja comerciantes, políticos e moradores das áreas dominadas pelo bando.

pcc

Em uma das mensagens analisadas pelos investigadores, Michael falou sobre o quadro eleitoral de 2024 e informou que as diretrizes para 2026 ainda estavam em estudo, e que cada comunidade deveria definir o candidato que mais lhe trouxesse vantagens, independentemente do partido ou orientação ideológica.

"Vamos deixar a critério de cada um em suas comunidades apoiar aqueles que trazem maiores benefício para sua região, sabendo que as eleições trazem trabalho e renda para as comunidades", dizia a mensagem.

Outro comunicado advertia sobre a venda de drogas via delivery em locais onde já há bocas de fumo. "Viemos através desta conscientizar todos que estão vendendo drogas em pedaços e no delivery irregularmente nas comunidades onde já existe biqueiras. Estão chegando várias ideias na ‘sintonia’ com descontentamento de seus respectivos donos por tais práticas irregulares".

O RH do PCC cuidava ainda do cadastro dos membros e na expansão do grupo criminoso em outros estados, como o Rio de Janeiro. 

Uma das conversas envolvendo Neymar do PCC, um traficante identificado como Orelha informa que estava escondido no Complexo da Maré e que "aguardava para fazer o remanejamento". Dias depois, ele avisou que já estava "com a sintonia no pente e pronto para trabalhar". De acordo com a polícia, ele foi encaminhado para o Rio com a missão de realizar transações em nome da facção. 

Operação

Na terça-feira (17), a Polícia Civil cumpriu, por meio da Operação Auditoria, 17 mandados de prisão preventiva e 110 mandados de busca e apreensão no extremo leste de São Paulo e em cidades da região metropolitana.

Dos 17 presos, pelo menos 10 são apontados como "auditores", responsáveis pelo operacional de pontos de drogas, enquanto outros são funcionários da estrutura criminosa, como pessoas que trabalham no RH da facção criminosa. 

A ação identificou 84 pontos de vendas de drogas — todos pertencentes ao PCC, alguns ainda em fase de testes. 

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