Uma semana depois de ter a
condenação à prisão confirmada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal,
o deputado Paulo Maluf (PP-SP) disse nesta terça-feira (17) que as acusações
contra Michel Temer são "falsas" e "vazias" e que a
denúncia contra o peemedebista foi um ato de "terrorismo" contra a
economia nacional.
Maluf discursou na sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da
Câmara que discute o relatório do tucano Bonifácio de Andrada (PSDB-MG),
favorável ao arquivamento da denúncia contra Temer.
"O que Rodrigo Janot fez em termos de terrorismo com os investimentos
nacionais e internacionais para o país não tem retorno. Terrorismo sem base
legal", disse o deputado, em referência ao ex-procurador-geral da
República, que assina a denúncia.
Ao defender Temer, dizendo que o peemedebista foi eleito por três vezes
presidente da Câmara, "prova de que os companheiros reconheceram nele
valores que o dignificam", o clima esquentou na sessão.
O oposicionista Ivan Valente cortou a fala de Maluf, afirmando que
"Eduardo Cunha também foi eleito presidente da Câmara". Hoje deputado
cassado, Cunha está preso em decorrência das investigações da Operação Lava
Jato.
Maluf ficou em silêncio e foi defendido aos gritos pelo deputado José
Carlos Aleluia (DEM-BA), que pediu respeito ao orador.
Ao retomar a palavra, Maluf usou um de seus bordões para dizer que não tem
notícia de que Valente, professor engenheiro mecânico de formação, tenha feito
alguma obra em São Paulo. "E ele não anda um quilômetro em São Paulo sem
pisar em uma obra de Paulo Maluf."
Ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Maluf foi condenado condenado a
7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão por crimes de lavagem de dinheiro
envolvendo desvios de dinheiro em obras em São Paulo. Ainda cabe um recurso
final.
Em linhas gerais, o deputado afirmou que Temer não pode ser condenado por
pedir recursos a colegas de partido. "Quem aqui pode levantar a mão e
dizer: 'Eu estou aqui sentando sem pedir recuso para ninguém'? [nesse momento
Ivan Valente levantou a mão]. Todos pediram, eu pedi, Michel Temer pediu."
Com baixa presença de governistas, que querem encurtar a sessão, a CCJ iniciou
na manhã desta terça o debate em torno da segunda denúncia da
Procuradoria-Geral da República contra o Temer.
A comissão é o primeiro passo da tramitação da denúncia. O relatório de
Bonifácio pode ser votado nesta quarta (18), com tendência de aprovação. A
votação no plenário da Câmara, que é quem dá a palavra final, deve ocorrer na
semana que vem.
Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar a denúncia,
é preciso o voto de pelo menos 342 dos 513 deputados. Na peça do Ministério
Público, Temer é acusado de dois crimes: organização criminosa e obstrução da
Justiça.
A primeira denúncia, relativa ao crime de corrupção passiva, foi barrada
pela Câmara em agosto pelo placar de 263 a 227. (Via: Folhapress)
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