Em evento oficial em plena na
BR-116, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, para inaugurar a duplicação de 47 km
da rodovia, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu às buzinas de um caminhão
que dava sinal de apoio ao passar pela estrada e anunciou o fim dos radares
móveis nas estradas a partir da próxima semana.
"É só eu determinar à PRF (Polícia Rodoviária Federal) que não use
mais", disse Bolsonaro ao ser questionado sobre como eliminaria os
radares.
"Já que o caminhoneiro tocou a buzina ali. Vou deixar bem claro. Não
são apenas palavras. Tô com uma briga, juntamente com o Tarcísio [ministro da
Infraestrutura], na Justiça, para acabar com os pardais no Brasil. Essa máfia
de multa, que vai para os bolsos de uns poucos daqui desta nação. É uma
roubalheira esta verdadeira indústria da multa que existe no Brasil. Anuncio
para vocês, que a partir da semana que vem não teremos mais radares móveis no
Brasil. Essa covardia, de ficar no 'descidão', de ficar no final do 'retão',
alguém atrás do mato para multar vocês, não existirá mais", disse o
presidente, ovacionado.
Em julho, Bolsonaro fez um acordo com o MPF para colocar 2.278 radares em
trechos críticos para acidentes sem monitoramento. Além disso, técnicos do Dnit
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) defendem os radares.
Um estudo obtido pela Folha de S.Paulo mostra que 8.301 faixas precisam de
monitoramento (radar ou lombada eletrônica).
Esta é a segunda viagem do presidente ao Rio Grande do Sul depois de
eleito. Na primeira, em junho, ele viajou a Santa Maria para um evento do
Exército, onde defendeu armar a população para evitar golpes de estado. O
evento em Pelotas, porém, é a primeira agenda de Bolsonaro no estado para
entrega parcial de uma obra.
O presidente inaugurou 47 km de duplicação da BR-116, divididos em
trechos, em uma região estratégica para escoamento de produção. A duplicação é
importante especialmente para escoar a produção pelo Porto de Rio Grande e para
países do Mercosul, como Uruguai e Argentina. A obra de 211 km iniciou em 2012
e é uma reivindicação antiga da metade sul do estado.
Um grupo de apoiadores de Bolsonaro estava reunido no evento e gritou
"Globo comunista" contra equipe de televisão do canal. Eles também
gritaram "fora PT", quando viram o deputado estadual Zé Nunes (PT),
presidente da Frente Parlamentar pela Duplicação da BR-116, composta por 40
deputados (de um total de 55) de diferentes partidos. O grupo foi criado em
2016. No Congresso, há uma frente semelhante liderada pelo deputado federal
Afonso Hamm (PP-RS).
"Infelizmente, tem sido normal esse tipo de manifestação. Tem um
setor muito radical à direita, que se 'adonou' das cores da bandeira
brasileira, dos símbolos nacionais e, na prática, é o contrário. É um dos
governos mais submissos da história", disse Nunes à reportagem.
De acordo com o deputado, faltam cerca de R$ 600 milhões para a conclusão
da obra, que agora está 63% terminada. Segundo o presidente da Frente
Parlamentar, no final do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a obra
estava 57% finalizada.
A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) não foi poupada dos
ataques. Ela foi chamada de "petista" e "traidora".
Além de Bolsonaro, a cerimônia contou com a presença do ministro da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de
Freitas e o ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB). (Via: Folhapress)
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