Após debate de mais de duas
horas, a Câmara aprovou a convocação do ministro Cid Gomes (Educação) para
explicar em plenário declarações que fez na semana passada na Universidade
Federal do Pará. Conforme noticiado aqui,
o ministro afirmou que, sob o deputado Eduardo Cunha, “a direção da Câmara será
um problema grave para o Brasil.”
Disse
também que todas forças políticas que têm “compromissos sociais” se opuseram à
eleição de Cunha para a presidência da Casa. Cid Gomes lamentou: “Tem lá uns
400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é
que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem
mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas.”
Líder
do DEM, o deputado Menconça Filho (PE) apresentou um requerimento de convocação
do ministro. Obteve o apoio instantâneo dos demais partidos de oposição e da
maioria do conglomerado governista, à frente o PMDB de Eduardo Cunha.
“O
ministro terá de vir aqui explicar quem são os achacadores do Congresso”, disse
o presidente da Câmara. “Um governo que tem como lema ‘Pátria Educadora’ não
pode ter um ministro da Educação mal-educado''.
“O
ministro tem que vir ao plenário e contar quem são os achacadores. Achacar é
crime, então o ministro, se sabe desse tipo de crime, tem a obrigação de
representar contra o parlamentar que está acusando. Do contrário, estará
prevaricando”, ecoou Mendonça Filho, o autor do requerimento.
Líder
da Oposição, Bruno Araújo (PSDB-PE) defendeu a demissão de Cid Gomes. “Se
a presidente tiver a clara noção do que representa a liturgia da relação entre
os poderes, se ela tiver noção da fragilidade do momento que passa o seu
governo, se tiver noção da gravidade econômica do país ela demite hoje o
ministro da Educação. Se ela não o fizer, ela passa a dar anuência às suas
declarações levianas”, disse Bruno.
Ex-ministro
de Lula e ex-vice-presidente da Caixa Econômica sob Dilma Rousseff, o
peemedebista Geddel Vieira Lima cobrou um posicionamento da própria presidente.
“Ela já desautorizou publicamente os ministros do Planejamento e da Fazenda.
Agora, com mais rigor, deveria repreender o ministro da Educação. Hoje, a
presidente é ‘congressodependente’. Não pode se dar ao luxo de permitir que um
ministro exercite sua verborragia com tamanha irresponsabilidade.”
O
Pros, partido de Cid Gomes, tentou converter o requerimento de convocação em
convite. Pelo telefone, o ministro se ofereceu para comparecer à Câmara na
próxima semana. A maioria dos parlamentares deu de ombros para a oferta. A
convocação foi aprovada em votação simbólica
Instado
a verificar o quórum, Eduardo Cunha convidou os deputados a registrarem seus
votos no painel eletrônico. A convocação do ministro prevaleceu por 280 votos
contra 102. Houve quatro abstenções. Um deputado declarou-se “em obstrução.”
Falta agora marcar a data para o comparecimento de Cid Gomes ao covil de
“achacadores''. (Blog do Josias de Souza)
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