Começou a funcionar mais uma CPI
da Petrobras. Considerando-se o resultado da sessão inaugural, o colegiado
caminha em direção ao vexame. Mais um. A CPI revelou-se capaz de quase tudo,
menos de investigar empreiteiras.
Convenhamos:
deputados que, depois de mais de uma década em que a Petrobras foi saqueada
pelos esquemas que acompanharam os partidos numa invasão à estatal, conseguem
se apresentar como “investigadores” sem exibir um pingo de curiosidade sobre os
corruptores ou são cínicos ou tolos. Em nenhum dos dois casos são os detetives
que o escândalo exige.
Os
deputados não estão sozinhos. Dilma Rousseff também defende as empreiteiras.
Ela sustenta que é preciso punir os executivos que cometeram crimes, não as
empresas. Um acinte. Primeiro porque não é possível separar uns das
outras. Segundo porque aprovou-se no Congresso, sob Lula, uma lei cujo objetivo
era justamente estender a punição às empresas desonestas.
O
ministro da Justiça e a Controladoria-Geral da União negociam acordos de
“leniência” com as empreiteiras. Não para obter informações que ampliem o leque
de punições, como previsto na nova lei, mas para livrá-las do título de
“inidôneas”, que levaria à proibição de celebrar novos contratos com o Estado.
Muitos
congressistas e autoridades espantam-se com a severidade do juiz Sérgio Moro. O
magistrado da Lava Jato mantém desde novembro 11 executivos de empreiteiras
dormindo nos colchonetes da carceragem da Polícia Federal em Curitiba. A
surpresa de Brasília é compreensível.
A
Capital da República não funcionaria sem os mimo$ providos pelas empreiteiras.
E quem ainda é capaz de enxergar a promiscuidade como algo “normal” não pode
exibir outro tipo de moralismo senão o moralismo seletivo. (Por Josias de Souza/Folha de S.Paulo)
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