Antes mesmo de ser anunciada
formalmente, a reforma ministerial de Dilma Rousseff sofreu seu primeiro revés.
Em manifesto divulgado nesta quinta-feira 1º, 22 deputados do PMDB desautorizaram
os acertos firmados pelo líder Leonardo Picciani (RJ) para obter da presidente
vagas adicionais na Esplanada. O grupo rebelde corresponde a 33% da bancada do
PMDB na Câmara, composta de 66 deputados.
“Discordamos
de qualquer negociação de cargos no governo, a qualquer título”, anota o texto
assinado por um terço da representação do PMDB na Câmara. “Não é com esse tipo
de atitude que a profunda crise geral deve ser enfrentada, e sim com posturas
que recuperem a credibilidade perdida.”
Os
signatários do documento deixam claro que não se deixarão influenciar pela
reforma de Dilma. “Nosso posicionamento em plenário não dependerá desse tipo de
barganha por cargos. Temos um só compromisso que é com a nossa consciência, com
o Brasil, respeitando a vontade da população, expressa mais de uma vez nas
pesquisas e nas ruas do nosso país.”
Concebida
com o propósito de atenuar o risco de abertura de um processo de impeachment na
Câmara, a reforma de Dilma tinha na bancada de deputados federais do PMDB seu
principal alvo. Para contornar a aversão que Eduardo Cunha nutre pelo Planalto,
Dilma converteu o líder Leonardo Picciani em seu interlocutor preferencial. Em
troca do apoio unitário de sua bancada, Picciani arrancou de Dilma duas pastas:
a da Saúde e, provavelmente, a de Ciência e Tecnologia. Com seu manifesto, os
22 rebeldes informam que a presidente da República pode estar comprando do
líder do PMDB um terreno na Lua.
Vai
abaixo a íntegra do manifesto:
Nosso país sofre uma das
mais graves crises econômicas de sua história. Ela é resultante de escolhas
erradas das politicas de Governo, e traz de volta demônios que a Naçāo
imaginava exorcisados: inflaçāo, desemprego, desindustrializaçāo e total
desarranjo das contas públicas.
A
crise ética avilta a Nação! A crise política alterna a condição de causa e
efeito do quadro emergencial que vivemos agora. Tais crises estão ainda no seu
início. Na raiz de tudo está uma condução do país errática, desacreditada
e que se enfraquece a cada dia. Agora o Governo, sem apontar um caminho
claro, rende-se a um jogo político pautado pela pressão por cargos, num leilão
sem qualquer respaldo em projetos ou propostas, sem conseguir apontar um horizonte
de esperança para o povo brasileiro.
Diante
desse quadro, nós integrantes da bancada do PMDB, nos manifestamos no
anseio de que o nosso partido seja chamado à reflexão e ofereça outro
tipo de contribuição ao Brasil:
1. Embora participando da base do governo federal,
nos últimos anos, e tendo o vice-presidente da República, o PMDB nunca foi
sequer convidado a participar das decisões governamentais que levaram a essas
crises. As decisões políticas estratégicas nacionais, ao longo desses últimos anos
, foram tomadas exclusivamente pelo PT, determinando a situação atual.
2. Discordamos de qualquer negociação de cargos no
governo, a qualquer título. Não é com esse tipo de atitude que a profunda crise
geral deve ser enfrentada, e sim com posturas que recuperem a credibilidade
perdida.
3. Nosso posicionamento em plenário não dependerá
desse tipo de barganha por cargos. Temos um só compromisso que é com a nossa
consciência, com o Brasil, respeitando a vontade da população, expressa mais de
uma vez nas pesquisas e nas ruas do nosso país.
4. queremos, dentro do Partido e com a sociedade,
debater e apontar soluções para o país, que reduzam a máquina pública e retomem
o desenvolvimento econômico e social para os brasileiros. (Via: Josias de Souza)
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