Operação conjunta da Polícia Federal, da Receita Federal, da
Controladoria-Geral da União e do Ministério Público Federal foi deflagrada
nesta quinta-feira (05), em Salvador, em três cidades baianas, e Petrolina, no Sertão de Pernambuco, para
combater organização criminosa suspeita de desvio de R$ 90 milhões de recursos
públicos, sonegação de tributos em torno de R$ 85 milhões e lavagem de
dinheiro. Segundo a polícia, os suspeitos utilizavam entidades supostamente sem
fins lucrativos, qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP).
A operação, que recebeu o nome de “Infecto”, ocorre em Juazeiro, norte da Bahia, Jacobina, no centro norte, em Valença, no sul, e na cidade de Petrolina, em Pernambuco. São cumpridos 10 mandados de busca e
apreensão nas sedes das organizações, nas residências dos envolvidos e em um
escritório de contabilidade. Por determinação da Justiça Federal, foram
bloqueados ativos financeiros em nome de suspeitos de integrar a organização
criminosa.
Segundo a PF, as investigações tiveram início a partir da identificação
pela delegacia da Receita Federal, em Feira de Santana, de irregularidades no
recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) relacionado a
pagamentos de salários de termos de parceria, firmados entre um determinado
grupo de OSCIP e prefeituras baianas.
A Controladoria-Geral da União fiscalizou os municípios de Barreiras,
Ipirá, Quixabeira, Uauá e Valença, que celebraram termos de parceria com as OSCIPs
investigadas e detectou a contratação irregular das entidades, o
superfaturamento dos valores cobrados e o desvio de recursos das áreas da Saúde
e Educação. A CGU também apontou a falta de recolhimento das verbas
previdenciárias nos referidos municípios.
A polícia identificou a atuação de dois grupos voltados à atuação de
OSCIP em parceria com diversas prefeituras na Bahia, e em outros estados. De
2010 a 2015, a organização criminosa teria conseguido cooptar e gerenciar ao
menos 10 entidades qualificadas como OSCIP, que serviram de instrumento para
cometerem as fraudes e desvios.
Esquema: A investigação aponta que as prefeituras firmavam termos de parceria com as
organizações investigadas, em nomes de laranjas, com dispensa irregular de
licitação ou mediante simulação de processo seletivo. As OSCIPS se
responsabilizavam pela prestação de determinado serviço ou de contratação
indireta de mão de obra.
Segundo a PF, o desvio da verba pública variava entre 10 e 20% do valor
do termo de parceria, por meio de cobrança de “taxa de administração”,
superfaturamento de despesas ou mesmo criação de despesas fictícias.
A investigação aponta que a fraude não se limita ao estado da Bahia, já
que as entidades também firmavam termos de parceria com prefeituras de outros
estados, a exemplo de Sergipe, Alagoas e Tocantins, também com fortes indícios
de irregularidades.
Entidades qualificadas como OSCIP devem ser sem fins lucrativos e ter
finalidades a exemplo da promoção da assistência social, da cultura, da
educação, conservação do meio ambiente, entre outras. (Via: G1 BA)
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