São duas as lutas políticas
sangrentas marcadas para hoje. No Conselho de Ética, no início da tarde, a
votação do prosseguimento do processo de cassação de Eduardo Cunha. Ele sabe que
se não matar a cobra ali, na largada do processo, acabará cassado pelo
plenário. A outra é a votação da redução do superávit primário deste ano. Se
não conseguir reduzir a meta, o governo sabe que está gerando para a oposição
uma chance bem melhor de instalar no ano que vem o processo de impeachment da
presidente Dilma por crime de responsabilidade.
O governo finge que pagará para ver e
Eduardo Cunha finge segurança em relação à decisão de hoje do Conselho de
Ética. Anuncia um adiamento da decisão sobre o impeachment por causa da nova
denúncia (recebimento de propina do banqueiro André Esteves para emendar medida
provisória) mas está esperando mesmo é pelo voto dos petistas no conselho. Eles
estão com a faca no pescoço, como diria o ministro Lewandowski. Se votarem
Cunha, ouvem a toda hora, serão responsáveis pela abertura do processo de
impeachment. Já estariam começando a abrir a guarda. Se pelo menos dois
votarem a favor do arquivamento do processo, determinarão o resultado que
contentará Cunha.
A votação da meta de superávit será à noite,
em sessão conjunta do Congresso. Será dirigida pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros, que acaba de ser novamente denunciado pelo procurador-geral da
República Rodrigo Janot. Será que desta vez, como da primeira denúncia,
ele cismará que foi armação do governo? Ele e Dilma voltarão às boas e ele tem
ajudado o governo. Tudo dependerá muito de sua condução.
Mas a oposição vai armada para o plenário,
disposta a fazer um banzê para impedir a votação. Sabe que esta é a melhor
chance de conseguir tirar Dilma do Planalto, ainda que adiando a refrega do
impeachment para o ano que vem. Sem a redução da meta, que legalizará o rombo
bilionário nas contas de 2015, ele terá contrariado a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Dilma volta de Paris disposta a comandar a
ofensiva. Fará nesta manhã uma reunião de coordenação e pretende conversar com
os líderes de cada partido, lembrando os acordos feitos na última reforma
ministerial. Agora, dirá, é hora de solidariedade ao governo. Ela fará a
conversa política, os ministros Jacques Wagner e Ricardo Berzoini os
acordos que forem necessários para garantir os votos necessários. (Via: 247)
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