A presidente Dilma volta ao
Sertão pernambucano, hoje, para entregar mais uma estação de bombeamento das
obras de Transposição do São Francisco. Na chegada a Floresta, onde será
recepcionada por três governadores (PE, CE e PB), provavelmente, se vier a
falar com jornalistas, não escapará de uma cena constrangedora: explicar mais
um escândalo em seu Governo.
Há
menos de 10 dias, a Polícia Federal desbaratou um esquema de corrupção no lote
dois da obra, envolvendo o consórcio formado pelas empresas OAS/Galvão/Barbosa
Melo/Coesa, que recebeu R$ 680 milhões pelo trabalho. De acordo com os
investigadores, os empresários utilizaram empresas de fachada para desviar
cerca de R$ 200 milhões do Ministério da Integração Nacional.
Ainda
de acordo com a PF, algumas empresas ligadas à organização estariam em nome de
um doleiro e um lobista investigados na Operação Lava Jato. Ao todo, foram
cumpridos 32 mandados judiciais em Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São
Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília, sendo 24 mandados
de busca e apreensão, quatro mandados de condução coercitiva e quatro mandados
de prisão.
“Um
grande projeto como a transposição do Rio São Francisco, que poderia amenizar o
sofrimento de muitas famílias nordestinas, acaba motivando indivíduos de má
índole a se aproveitarem da boa-fé dessas pessoas. Isso tudo sempre acontece de
forma ilegal”, disse superintendente da PF em Pernambuco, Marcello Diniz
Cordeiro.
Nesta
fase está sendo apurado o núcleo econômico, que são as empreiteiras e o
financeiro de nível operacional. Porém, a PF ainda investigará os núcleos
administrativo, operacional e político. “Tudo indica, pelo contexto do grupo de
Youssef, que essa verba foi destinada para políticos”, adiantou o coordenador da
operação, Felipe Leal.
A
Polícia também acredita que toda a obra da transposição foi superfaturada. “Vai
ver nem precisava desses mais de R$ 500 milhões. Vai ver com R$ 300 milhões já
poderia ser feito isso. Se houve esse superfaturamento, de que há fortes
indícios, se houve desvio de verba pública federal e mesmo assim a obra
continuou, qual seria realmente o valor dessas obras que deveriam ser exigidos
para a construção?”, questiona o superintendente.
Dilma
deve ser questionada como uma obra, orçada inicialmente em R$ 4,5 bilhões, já
tenha consumido o dobro, podendo chegar a R$ 12 bilhões, três vezes mais. Mas
se um dia funcionar, a Transposição pode garantir a segurança hídrica para 390
municípios em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, beneficiando
aproximadamente 12 milhões de habitantes. Segundo o Ministério da Integração
Nacional, a demora na entrega dos trechos acontece devido à burocracia na
escolha das empresas e na adaptação dos projetos iniciais.
Através
da construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e
recuperação de 23 açudes existentes na região do Nordeste Setentrional, a
transposição visa a beneficiar, com as águas do Rio São Francisco, 11 bacias da
região com oferta hídrica per capita inferior à considerada ideal pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Aproximadamente R$ 1 bilhão do total de
investimentos está destinado para programas básicos ambientais.
Segundo
dados do mês de outubro, as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco
apresentam 81% de execução física. Atualmente, há 10.141 trabalhadores
contratados para atuarem no empreendimento. Para aperfeiçoar o gerenciamento, o
Ministério da Integração Nacional implantou, em 2011, um outro modelo de
monitoramento, licitação e contratação para os seis trechos de obras. (Via: Magno Martins)
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