O
estampido da tranca que separa a rua do cárcere, na sede da Polícia Federal, em
Curitiba, vai martelar pela última vez na consciência de Alberto Youssef, nesta
quinta-feira, 17. O doleiro, acusado pela Operação Lava Jato de ser o principal
operador de propinas no bilionário esquema de corrupção na Petrobrás, deixará a
cela de 12 metros quadrados, em que passou os últimos 2 anos e 8 meses de sua
vida, para ir para casa.
Dono da mais complexa e
sofisticada lavanderia de dinheiro, a serviço de empreiteiras, partidos,
agentes públicos e políticos envolvidos no esquema Petrobrás, Youssef cumprirá
mais 4 meses de prisão domiciliar, antes de se tornar um homem livre – o que
acontecerá no dia 17 de março de 2017.
O direito à liberdade foi o
prêmio obtido pelo doleiro, em troca da confissão de culpa nos crimes contra a
Petrobrás e da entrega de provas de novos delitos, ainda desconhecidos da
força-tarefa da Lava Jato. Pelo acordo, fechado em setembro de 2014, sua pena
máxima de prisão ficou limitada a 3 anos.
Junto com o ex-diretor de
Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, Youssef foi o primeiro delator da
Lava Jato. Os dois confessaram à Justiça serem braços do PP no esquema de
arrecadação de propinas na Petrobrás. Suas revelações transformaram as
investigações de corrupção e lavagem de dinheiro em duas obras da de refinarias
da estatal – Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e Getúlio Vargas (Repar), no
Paraná – no maior escândalo de corrupção do Brasil – provocando ainda uma
enxugada de delações, são 57 até aqui.
“Não sou o mentor nem o chefe
desse esquema”, afirmou Youssef, no dia 8 de outubro de 2014, na primeira
confissão do caso diante do juiz federal Sérgio Moro. “Sou apenas uma
engrenagem desse assunto que ocorria na Petrobrás. Tinha gente muito mais
elevada acima”.
A partir das confissões de
Youssef e Paulo Roberto Costa – que também deixou a cadeia, no último mês -, a
Lava Jato tomou nova proporção. São mais de 80 condenados, penas que somadas
ultrapassam 1 mil anos de prisão, mais de R$ 6,4 bilhões em propinas e a
descoberta que corrupção era a “regra do jogo” em todos os contratos do
governo.
Para delegados e procuradores
da força-tarefa, apesar de ser um “profissional do crime”, em quem não se deve
confiar, Youssef foi, até aqui, um dos melhores delatores da Lava Jato. “Tudo
que ele revelou na delação se comprovou”, afirmou o delegado Márcio Anselmo, da
equipe que originou as investigações em Curitiba.
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Estadão