Agentes
da Polícia Federal e da força-tarefa do Ministério Público Federal do Rio
cumprem nesta manhã de quinta-feira (17) dois mandados de prisão preventiva
contra o ex-governador Sérgio Cabral - já preso - e outras oito pessoas ligadas
ao peemedebista, acusado de liderar um grupo que desviou cerca de R$ 224
milhões em contratos com diversas empreiteiras, dos quais R$ 30 milhões
referentes a obras tocadas pela Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia. A
ex-primeira-dama Adriana Ancelmo é um dos alvos, porém, ela será levada para
depor na sede da PF local em condução coercitiva.
Adriana Ancelmo, que deve ser
liberada após prestar depoimento, chegou a ter o seu pedido de prisão pelo MPF
analisado pela Justiça, mas negado pelo juiz Marcelo Bretas.
Os agentes estão neste momento
dentro da casa do ex-governador, no Leblon, Zona Sul do Rio. Até o momento
apenas uma pessoa foi presa: Wagner Jordão Garcia, ex-assessor do
ex-governador.
Além de Cabral, são alvos da
operação o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, o ex-secretário estadual de
Obras Hudson Braga, e o ex-assessor do governador Carlos Emanuel de Carvalho
Miranda, o Carlinhos, ex-marido de uma prima de Cabral.
Outros operadores são alvos da
ação: José Orlando Rabelo e Luiz Paulo Reis.
No total, há 34 mandados de
busca e apreensão em três cidades além do Rio - Mangaratiba, Paraíba do Sul e
Itaipava, e outros 14 de condução coercitiva.
Todos os alvos de prisão
preventiva deverão ser levados para a Superintendência da PF no Rio, e após
prestarem depoimento, serão encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para
realizar exames de corpo de delito.
Operação Calicute: Autorizada pelos juízes Marcelo
Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, e Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de
Curitiba, a operação batizada de "Calicute" - referência às tormentas
enfrentadas pelo navegador Pedro Álvares Cabral a caminho das Índias - acontece
pouco mais de cinco meses depois da estreia da Lava-Jato no Rio e é resultado
de um esforço conjunto do MPF e seus procuradores Lauro Coelho, Eduardo El
Hage, Rodrigo Timóteo e José Augusto Vagos, com a Delegacia de Repressão à
Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal (Delecor). A ação marca
também a inédita cooperação entre a Justiça do Rio e a de Curitiba, responsável
pelas 36 fases deflagradas até aqui.
Cabral, o ex-governador, é
acusado pela Lava-Jato dos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem
de dinheiro. Os desvios teriam sido feitos em contratos com as empreiteiras
Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, entre outras, em obras como reforma do
Maracanã, o Arco Metropolitano e PAC Favelas em troca de aditivos em contratos
públicos.
A investigação teve como ponto
de partida as delações de Clóvis Primo e Rogério Numa, executivos da Andrade
Gutierrez, feitas no âmbito do inquérito do caso Eletronuclear. Os dois
revelaram à força-tarefa que os executivos das empreiteiras se reuniram no
Palácio Guanabara, sede do governo, para tratar da propina e que houve cobrança
nos contratos de grandes obras.
Blog: O Povo com a Notícia