Por Josias de Souza
No Rio de Janeiro, os três
políticos mais identificados com o eleitorado evangélico são Marcelo Crivella
(PRB), bispo licenciado da igreja Universal; Anthony Garotinho (PR), fiel da
igreja Presbiteriana; e Eduardo Cunha (PMDB), adepto da igreja Sara Nossa
Terra. Crivella acaba de se eleger prefeito do Rio. Garotinho e Cunha estão
presos. Essa conjuntura demonstra que Deus existe. Mas não é ‘full time’.
Denominações religiosas que se opõem à Universal, igreja de
Edir Macedo, tio de Crivella, se articulam para produzir novos candidatos.
Avalia-se que Garotinho está condenado à decadência política mesmo que se livre
da acusação de chefiar um esquema de compra de votos na cidade de Campos dos
Goytacazes. Quanto a Cunha, teme-se que a Lava Jato o torne um ficha-suja,
afastando-o das urnas.
A despeito de seus alentados prontuários, Garotinho e Cunha
se autoproclamam evangélicos desde a década de 1990. Em tempos de campanha, são
auxiliados por uma legião de pastores, que fazem as vezes de cabos-eleitorais.
Ambos utilizaram programas de rádio como palanques eletrônicos. Mais arrojado,
Garotinho notabilizou-se por distribuir utensílios domésticos a donas de casa.
Ex-aliados, Garotinho e Cunha tornaram-se inimigos políticos.
Um se refere ao outro como “ladrão”. Embora suas fichas indiquem que os dois
talvez estejam certos, os líderes evangélicos que buscam novos talentos
políticos não parecem preocupados com a debilidade ética, mas com a
incapacidade momentânea da dupla de disputar espaço com Crivella e a sua
Universal. Os supostos representantes de Deus fazem política com tal
descompromisso moral que às vezes passam a impressão de que Ele não merece
existir.
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