Assista o vídeo:
João Santana, o marqueteiro das
campanhas eleitorais do PT, disse em depoimento à Lava Jato que as tesourarias
de candidatos rivais promovem acordos subterrâneos para enganar o Tribunal
Superior Eleitoral. Combinam os valores que irão declarar na prestação de
contas oficial. Com isso, dão aparência de normalidade à contabilidade. E se
esbaldam no caixa dois, “uma prática generalizada.”
Santana insinuou que esse tipo de acerto foi feito na campanha de 2014
entre os comitês da petista Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves (veja no
vídeo acima, a partir de 12min57s). “O oponente direto também é obrigado.
Quando se declara um preço, ele não pode se afastar tanto desse preço, para não
ter disparidade, desconfiança. E o que acontece? Existe um acordo informal
entre as campanhas. Mesmo campanhas que vão se digladiar, arrancar sangue. Os
coordenadores financeiros conversam entre si. ‘Olha, o meu preço vai ser esse’.
E o outro chega perto ou passa.”
O marqueteiro acrescentou: “Existia esse tipo de acordo. Não só entre
essas campanhas [presidenciais], como campanhas de governadores, de prefeitos.
Os tesoureiros de campanha conversavam entre si. Isso eu sei porque
conversavam. Todos vão me desmentir, mas é verdade.”
Durante o depoimento, Santana vangloriou-se de ter conseguido puxar para o
alto a escrituração do valor que cobrou do comitê de Dilma: coisa de R$ 70
milhões, noves fora a verba que transitou por baixo da mesa, no caixa dois —uma
parte depositada pela Odebrecht em conta secreta na Suíça.
O procurador da República que interrogava João Santana enxergou nas
declarações do delator uma tentativa de tratar como normal algo que é
criminoso. Lembrou ao depoente que, se os marqueteiros não admitissem receber
dinheiro sujo no exterior, as campanhas seriam “mais limpas, honestas e
democráticas.” Disse mais: “Financiamento em caixa dois torna a campanha
desigual, principalmente quando é reeleição e o candidato já está no poder.”
O marqueteiro não deu o braço a torcer: “…Torna desigual, mas essa que se
chama de violar a democracia, todos violam. Pequenos e grandes. Cada um à sua
maneira. E se associam para violar. É uma prática generalizada o caixa dois.” O
procurador insistiu: “[…] O senhor tem que ter essa consciência de que praticou
uma ilicitude e faz parte de uma engrenagem muito nociva.”
E João Santana se enquadrou: “Sem dúvida alguma. E me arrependo
profundamente. Inclusive pelo sofrimento pessoal, o sofrimento político, moral,
familiar e empresarial que eu estou sofrendo. Isso sem dúvida. Eu não me isento
disso. O senhor tem toda razão nesse aspecto.”
– Pressionando aqui,
você chega a todos os vídeos que compõem a delação de João Santana e de Mônica
Moura, sua mulher e sócia. (Via: Blog do Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia