A relação incestuosa de Michel
Temer com um pedaço do plenário do Tribunal Superior Eleitoral transformou a
apreciação das contas da campanha vitoriosa em 2014 numa casa da Mãe Joana. A
pretexto de contribuir para a salvação do PIB, a veneranda senhora vinha usando
as provas que incriminam a chapa Dilma—Temer como gordura na fritura do próprio
TSE. Subitamente, a conjuntura virou. E a Corte Eleitoral promete para o dia 6
de junho um espetáculo inédito: vai desfritar um ovo.
As páginas do processo expõem uma inacreditável realidade. Nela, um mar de
dinheiro roubado da Petrobras escorreu para o caixa do comitê eleitoral de
Dilma. Mas quando o processo ganhou corpo uma outra realidade se apresentou,
mais inacreditável do que a anterior. Magistrados tarimbados, de aparência
respeitável, aceitaram a tese de que a lama era de responsabilidade de Dilma. E
Temer não tinha nada a explicar. Como Dilma já fora deposta, o assunto estava
encerrado.
A lama escorreu pelos escaninhos do TSE por um ano. Algumas togas
conviveram com as provas fingindo que elas não se avolumavam no processo e no
site do tribunal. Os julgadores pisavam nas evidências distraídos quando a
delação da JBS transformou Temer num morto-vivo investigado no Supremo Tribunal
Federal por corrupção, obstrução da Justiça e formação de organização
criminosa.
Nada a ver com crimes eleitorais demonstrados nos autos do TSE. Mas o
governo que prometia recolocar a economia nos trilhos descarrilou. E tudo o que
o TSE fingia que não aconteceu passou a merecer explicação. Temer ainda não
sabe o que dizer. Mas já esboçou uma rota de fuga. Sonha com um pedido de
vistra que adie o julgamento indefinidamente. Se um dos sete ministros do TSE
se prestar a desempenhar esse papel não restará dúvida: o Brasil gosta tanto de
piadas que o Tribunal Superior Eleitoral se transformou em uma. (Via: Blog do Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia